Perdeu-se a vergonha
Couto dos Santos e José Lello foram os deputados
usados pelo bloco central para estabelecer um acordo em torno da
recuperação das subvenções dos ex-políticos.
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Couto dos Santos, do PSD, e José Lello, do PS - é preciso
dar nomes e caras aos actos - foram os deputados usados pelos direcções
dos dois partidos do bloco central para estabelecerem um acordo, um
consenso, em torno da recuperação das subvenções dos ex-políticos.
A
reacção, de Mariana Mortágua, do BE, e mesmo a interna aos dois partidos
de muitos deputados, impediu que esta norma constasse do Orçamento do
Estado para 2015. Do mal, o menos, mas percebe-se que os dois partidos
não mudaram assim tanto depois de um pedido de ajuda externa e de três
anos de austeridade. Especialmente quando têm de decidir em benefício
próprio.
A classe política e, especialmente, o maior partido da coligação e o
maior partido que aspira a ser governo, isto é, Passos Coelho e António
Costa, destruíram um trabalho de três anos, deitaram fora um discurso
que, percebe-se agora, não é para levar até ao fim.
A ideia de proporem o
fim da suspensão das subvenções vitalícias a antigos políticos que
usufruem de pensões acima dois mil euros conferia uma situação de
privilégio em relação a outros grupos que sofrem e vão continuar a
sofrer cortes de rendimento. E a justificação com uma decisão do
Tribunal Constitucional a propósito da acumulação de pensões de viuvez
com outro rendimento é mesmo ofensiva.
A proposta foi retirada, a suspensão das subvenções vai manter-se, a vergonha não.
Director
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
21/11/14
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