23/11/2014

ANTÓNIO COSTA

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Perdeu-se a vergonha

Couto dos Santos e José Lello foram os deputados usados pelo bloco central para estabelecer um acordo em torno da recuperação das subvenções dos ex-políticos.
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Couto dos Santos, do PSD, e José Lello, do PS - é preciso dar nomes e caras aos actos - foram os deputados usados pelos direcções dos dois partidos do bloco central para estabelecerem um acordo, um consenso, em torno da recuperação das subvenções dos ex-políticos.

A reacção, de Mariana Mortágua, do BE, e mesmo a interna aos dois partidos de muitos deputados, impediu que esta norma constasse do Orçamento do Estado para 2015. Do mal, o menos, mas percebe-se que os dois partidos não mudaram assim tanto depois de um pedido de ajuda externa e de três anos de austeridade. Especialmente quando têm de decidir em benefício próprio.

A classe política e, especialmente, o maior partido da coligação e o maior partido que aspira a ser governo, isto é, Passos Coelho e António Costa, destruíram um trabalho de três anos, deitaram fora um discurso que, percebe-se agora, não é para levar até ao fim.

A ideia de proporem o fim da suspensão das subvenções vitalícias a antigos políticos que usufruem de pensões acima dois mil euros conferia uma situação de privilégio em relação a outros grupos que sofrem e vão continuar a sofrer cortes de rendimento. E a justificação com uma decisão do Tribunal Constitucional a propósito da acumulação de pensões de viuvez com outro rendimento é mesmo ofensiva.

A proposta foi retirada, a suspensão das subvenções vai manter-se, a vergonha não.

Director

IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
21/11/14


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