HOJE NO
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O caso GES passo a passo.
Os submarinos
O i explica aos leitores, ponto por ponto, o que está em causa na revelação de que os Espírito Santo receberam 5 milhões de euros no negócio dos submarinos.
Espírito Santo receberam 5 milhões de euros de comissões dos submarinos. Por que razão isto é importante?
O segredo deixou de ser segredo. Ricardo Salgado afirmou numa reunião
do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES), a 7 de Novembro de
2013, que os cinco ramos da família receberam 5 milhões de euros de
“comissões” do montante de cerca de 30 milhões pago pelos alemães que
venceram o concurso dos submarinos à empresa que lhes prestou serviços
de consultoria, a Escom.
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Esse valor foi confirmado por vários membros
presentes naquela reunião: cada ramo teria ficado com 1 milhão de euros.
A Escom e o GES nunca tinham revelado quais os destinatários daquele
dinheiro. A versão oficial é que os cerca de 30 milhões teriam servido
única e exclusivamente para pagar os serviços prestados pela Escom.
O Ministério Público já sabia destes 5 milhões?
O DCIAP, que investiga há mais de oito anos o negócio da compra dos
submarinos, já tinha descoberto que parte do dinheiro que a Escom
recebeu dos alemães tinha ido parar a contas de membros do Conselho
Superior do GES. O DCIAP pediu o levantamento do sigilo bancário de três
contas tituladas por elementos da família Espírito Santo e descobriu
que nelas estavam depositados 3 milhões de euros (1 milhão em cada uma).
Este dado foi avançado pelo Expresso em Março, tendo por base um
acórdão do Supremo Tribunal da Suíça. Mas agora os membros do Conselho
Superior do GES confessaram terem recebido cinco, e não três milhões.
Das duas uma: ou o Ministério Público já sabia dos 5 milhões de euros e
aquele acórdão apenas evidenciava a quebra de sigilo bancário de três
contas; ou os investigadores ainda não sabiam que mais dois milhões
tinham ido parar às contas de membros do GES. Se a segunda hipótese for a
correcta, a notícia esta semana avançada pelo i pode abrir mais uma
linha de investigação.
Por que é que os membros do Conselho Superior do GES receberam estes cinco milhões?
É a “one million dollar question”. Oficialmente, a Escom, empresa do
GES, era a única entidade que deveria receber os 30 milhões de euros
do German Submarine Consortium porque fez a assessoria do consórcio
alemão na negociação das contrapartidas com o Estado português. À data
da compra dos submarinos, o GES era accionista maioritário da Escom, com
67% - o restante capital estava nas mãos do presidente da empresa,
Helder Bataglia. A família Espírito Santo nunca explicou até à data por
que razão parte das comissões pagas à Escom a título de serviços de
consultoria terão ido parar a contas dos cinco principais ramos do clã.
Sabe-se que, como i revelou esta semana, a necessidade de justificar
aqueles valores levou Ricardo Salgado a insistir que era “fundamental”
ter uma carta assinada pelos cinco para “legitimar” a decisão tomada em
2004.
Onde foi parar a totalidade da comissão paga à Escom?
De acordo com as reconstituições feitas pelo i de uma reunião do
Conselho Superior do GES, Salgado revelou que os administradores da
Escom lhe tinham dito haver “uma parte que teve de ser entregue a alguém
em determinado dia”, mas não revelou a sua identidade. Segundo Salgado,
o valor de cerca de 30 milhões de euros pagos à Escom terá ficado logo
reduzido a 20 com “encargos com advogados” e “pagamentos por fora”.
Cinco milhões terão ido parar a contas do Espírito Santo e os 15
restantes terão sido partilhados pelos três administradores da Escom e a
tal sexta pessoa.
O que é o Conselho Superior do GES?
O órgão, regulamentado em Junho de 1993, reúne os cinco principais
ramos da família Espírito Santo. Era ali que o grupo discutia
regularmente o futuro do grupo e onde, segundo o regulamento a que o i
teve acesso, deveriam ser tomadas as decisões sobre a aquisição ou
alienação das participações sociais de cada uma das empresas. Tinha
regras apertadas de confidencialidade. Começou por ser constituído por
cinco pessoas, e em 2012 alargou-se a nove. No entanto, só cinco – os
elementos com mais antiguidade no grupo - é que podiam votar. Como
António Ricciardi apoiou Salgado e era o elemento mais velho daquele
clã, a posição de Ricciardi sobre a liderança de Salgado não contou para
o cálculo.
* Quem será a sexta "honrada" personalidade deste bando de abutres?
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