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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Guerra esquerda-direita ameaça
decapitar Comissão Juncker
O inglês, o francês e o espanhol: são já três os
candidatos a comissário que correm o risco de chumbar nesta primeira
época de exames junto do Parlamento Europeu. Juncker já entrou em campo
para defender a sua equipa. Carlos Moedas está a salvo.
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Todos eles vêm de grandes países; todos
eles foram indigitados para pastas relevantes; todos eles são de
famílias políticas distintas e poderosas; todos eles têm algum telhado
de vidro (quem não tem?). Em suma: as condições são mais do que
favoráveis para a ocorrência de fogo cruzado entre as principais forças
políticas do Parlamento Europeu e esse risco pode estar a
materializar-se, ameaçando os alicerces da nova Comissão Europeia de
Jean-Claude Juncker que, à partida, deverá tomar posse em 1 de Novembro.
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Canete |
Há vários comissários a suscitar dúvidas, mas são especialmente três
os ameaçados de ser chamados a uma segunda audição. O conservador
espanhol Arias Canete, indigitado para supervisionar a área do Clima e
Energia, está a ser apertado pelos socialistas que querem saber mais
sobre os seus investimentos e da sua família em empresas petrolíferas. O
britânico Jonathan Hill enviado por David Cameron (cujo partido está no
Grupo dos Reformistas) foi nomeado para os Serviços Financeiros e está a
ser acusado de ter espalhado muito "charme" enquanto fornecia respostas
"pouco convincentes" sobre a pasta que irá dirigir e sobre como
pretende gerir os interesses (frequentemente divergentes) da Europa no
seu todo com os da City londrina.
O socialista francês Pierre Moscovici (na foto) também está na
berlinda, após a audição parlamentar que decorreu esta manhã. Sobretudo
mais à direita, e possivelmente em retaliação ao cerco que os
socialistas estão a fazer a Arias Canete, os eurodeputados não perderam a
oportunidade de chamar a atenção para o "paradoxo" e "ausência de
credibilidade" de querer pôr um antigo ministro das Finanças de um país
que continua a pedir mais tempo para controlar o défice no limite máximo
de 3% no lugar de comissário para os Assuntos Económicos onde terá de
puxar as orelhas a quem não cumpre as regras.
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Jonathan Hill |
"Podem contar comigo como árbitro justo e imparcial",
garantiu, ao prometer que "as regras serão a minha única bússola" e ao
repetir – segundo relata a Reuters em francês, inglês e em alemão - que
"todos os países têm de respeitar o Pacto" de Estabilidade e
Crescimento, precisando que irá usar a flexibilidade permitida pelas
regras orçamentais para que os países possam promover o investimento, o
crescimento e o emprego.
"Ninguém de boa-fé pode imaginar que você deve ficar com uma
responsabilidade na Europa que qual falhou como ministro das Finanças de
França", atirou Alain Lamassoure, que chefia a delegação francesa de
centro-direita no seio do Partido Popular Europeu (PPE).
Burkhard Balz, o alemão também membro do PPE e que preside à poderosa
comissão parlamentar de assuntos económicos, também não gostou da
prestação de Moscovici. "As suas respostas sobre o tempo em que era
ministro das Finanças (até há seis meses) foram muito fracas. Não
mostrou também qualquer visão sobre o futuro da União Monetária".
Em contrapartida, os socialistas aplaudiram com entusiasmo a sua
escolha. Citada pelo EuObserver, Elisa Ferreira disse que Moscovici dará
um "excelente comissário", tendo mesmo considerado que fez "a melhor
prestação " até à data. As audições aos 27 candidatos a comissários
começaram nesta semana e terminam na terça-feira, 7 de Outubro.
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Moscovici |
O forte risco de vários dos seus comissários morrerem no campo de
batalha política do Parlamento Europeu levou Jean-Claude Juncker a
intervir. "O presidente eleito Juncker acredita que todos os candidatos
até agora submetidos a audições demonstraram de forma convincente a sua
competência e o compromisso europeu", afirmou o seu porta-voz, citado
pela Reuters que cita fontes parlamentares segundo as quais a
confirmação de Moscovici "poderá ser adiada até a próxima semana e ser
tratada como parte de um pacote político que envolve outras nomeações
contestadas".
* As pulhítiquices não são exclusivo da Pátria Lusa, Carlos Moedas passou porque um comissário português não pesa, tal como não pesou o presidente da comissão ainda em exercício que ganha em contorcionismo a qualquer profissional circense.
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