15/09/2014

TERESA RUEL

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Procrastinar 

Inevitavelmente, também existe um preço a pagar pela inércia e outro pelo “fingir que se faz” 

É o verbo do mês, do ano ou até mesmo de sempre. Procrastinar significa adiar, deixar para depois. Esta tem sido a fórmula utilizada por todos os agentes e responsáveis políticos regionais.

Adiam-se concepções, soluções, debates e estratégias. Atendendo ao contexto político-partidário e ao próprio contexto económico e social é imperativo que os principais partidos políticos e os seus dirigentes apresentem, de uma vez por todas, qual o modelo de governação, de desenvolvimento económico e de coesão social que preconizam para a Região.

Deixemo-nos de demagogias, de intenções absurdas e de propostas inexequíveis. Deixemo-nos da emoção da espuma dos dias!

O estado de ebulição do PS-M nos últimos dias espelha de forma clara um dos sintomas endémicos do nosso sistema político regional: a aversão à discussão e ao debate público e político. Existe um mal-estar, um sentimento quase primário de ferocidade, quando alguém questiona ou simplesmente assume publicamente um determinado posicionamento, contrário ao estabelecido. Saber lidar com opiniões diferentes das nossas faz parte da cultura política democrática!

Não é coerente fora de casa criticarmos o que vai no quintal dos outros, e na nossa própria casa fazermos igual ou pior! É doloroso o estado de procrastinação a que se chegou. Pergunto: porquê?
A ousadia de pensar e de agir tem um preço que nem todos estão dispostos a pagar. Inevitavelmente, também existe um preço a pagar pela inércia e outro pelo “fingir que se faz”.

Construir uma alternativa é um processo demorado. Exige trabalho e reflexão. Não existem mudanças anunciadas e instantâneas. As “vacas sagradas” não duram para sempre!

A mobilização dos eleitores depende, entre outras coisas, da informação disponibilizada, da capacidade de desconstrução e acima de tudo da audácia de fazer parte da solução. Os delírios e as ânsias apaixonadas cegam, impossibilitam a perspicácia e habilidade necessária à concretização.

Pensar que somos aquilo que um dia queremos ser, é continuar na senda da procrastinação!

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
10/09/14


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