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"OBSERVADOR"
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Ex-chefe de gabinete demitiu-se depois
de prever falhanço do Citius
João Miguel Barros avisou ser necessário rever o sistema. Depois de se demitir, disse que a data anunciada pelo Governo para a entrada em vigor da reforma judiciária seria "um erro crasso".
João Miguel Barros, antigo chefe de gabinete da ministra da Justiça
Paula Teixeira da Cruz, demitiu-se em fevereiro de 2013 depois de avisar
que era necessário rever o Sistema de Informação da Justiça (Citius) e
que o falhanço deste iria comprometer o arranque do novo mapa
judiciário, escreve este sábado o Diário de Notícias (DN). Depois da
saída, o ex-responsável disse que a data anunciada pelo Governo para a
entrada em vigor da reforma judiciária – 1 de setembro de 2014 – seria
“um erro crasso”, uma vez que nessa altura não estaria ainda criado o
Citius e não estariam concluídas as obras nos edifícios dos tribunais.
Em declarações ao DN, João Miguel Barros disse que o que está a acontecer “era expectável”,
admitindo que sabia “que isto ia acontecer” e que tem conhecimento das
razões porque está a acontecer, acrescentando que os responsáveis “não
foram os profissionais do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos
da Justiça”. A equipa que criou o Citius, e que se demitiu também em
fevereiro de 2013, enviou em 2012 um documento à ministra Paula Teixeira
da Cruz informando-a de que o sistema estava obsoleto. O aviso foi
ignorado.
João Miguel Barros nega divergências com a política da ministra da Justiça, admitindo “manter total solidariedade” nas reformas e na sua política.
O ex-chefe de gabinete pensa que “esta é a altura de concentrar os
esforços na normalização do sistema e em salvar a credibilidade da
reforma”.
Desde 1 de setembro que muitos tribunais estão parados devido ao
bloqueio da plataforma informática. O Expresso avança este sábado que, entre 2010 e julho de 2014, o Citius já custou 3,6 milhões de euros ao Estado.
Apesar disto, o sistema informático não consegue suportar a
transferência, das antigas para as novas comarcas, de 3,2 milhões de
processos e de 80 milhões de documentos em suporte digital. Segundo
fontes do Ministério da Justiça ouvidas pelo semanário, parte do que era
para ser feito só está agora a ser concretizado.
Na sexta-feira, durante a conferência do Conselho Superior da
Magistratura, o secretário de Estado da Justiça, António Costa Moura,
admitiu que os problemas e as deficiências, bem como “as chaves para os
resolver” já estão identificados, não avançando, no entanto, uma data
para o sistema estar a funcionar. Segundo o procurador Manuel Ferreira,
do Tribunal de Sintra, ouvido pelo Expresso, o Ministério terá dado
indicações de que o Citius deverá ser reiniciado na segunda quinzena de setembro.
Quer o primeiro-ministro, quer o Presidente da República, já
admitiram que “nem tudo está a correr bem” na reforma. Pedro Passos
Coelho afirmou manter a confiança
em Paula Teixeira da Cruz, dizendo não ver razões para que esta seja
substituída, tal como tinha sido pedido pelo PS. Cavaco Silva considerou
o pedido feito pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça para convocar o
Conselho de Estado “um absurdo“.
* "Reza" o Princípio de Peter - Num sistema hierárquico, todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência.
Paula Teixeira da Cruz já tinha atingido o topo antes de ser ministra.
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