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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
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Recusa de subsídios a crianças com necessidades especiais preocupa Observatório
O Observatório dos Direitos Humanos (ODH)anunciou hoje ter recebido
mais de três dezenas de denúncias de pais de crianças com necessidades
educativas especiais que viram os seus pedidos de subsídios indeferidos
pela Segurança Social, sem explicação fundamentada.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz do Observatório dos
Direitos Humanos, Luís Guerra, explicou que desde maio, aquela entidade
tem recebido um “número considerável de denúncias”, através de um
coletivo denominado “Pais Comunicar”, relativas ao indeferimento de
subsídios de educação especial (SEE)requeridos.
“Em maio recebemos oito ou nove denúncias de pais que viram os seus
pedidos indeferidos e que queriam mais explicações por parte da
Segurança Social (SS), nomeadamente sobre o critério usado para a
atribuição dos subsídios”, disse Luis Guerra, salientando que desde
aquela data já receberam mais 30 denúncias sobre o mesmo assunto.
De acordo com Luís Guerra, em todos os casos, os candidatos tinham
feito o seu pedido de subsídio com base no diagnóstico clínico das
necessidades especiais dos seus filhos, mas estes "foram considerados
pela SS como não tendo carácter permanente".
O mesmo responsável relatou que a “decisão remetida pela SS aos pais
limitava a sua fundamentação à explicação de que as invocadas
Necessidades Educativas Especiais (NEE) não eram permanentes, sem
explicar porquê, nem referir as normas jurídicas em que sustentou a
decisão”.
“Temos o caso, por exemplo, de uma menor que tinha recebido o
subsídio no ano anterior e que este ano foi indeferido, apesar de manter
o mesmo quadro clínico”, salientou.
O porta-voz do Observatório lembrou que a competência para apreciação
das candidaturas ao subsídio era da competência do Ministério da
Educação, mas foi entretanto delegada na Segurança Social por meio de um
protocolo entre estas duas entidades, sem que tenha havido alteração do
quadro legal aplicável.
Luís Guerra disse que o Observatório enviou em julho passado um
pedido de esclarecimento ao Ministério da Educação e à Segurança Social e
que, até ao momento, não obteve resposta.
As denúncias dos pais de crianças com necessidades especiais foram
alvo de uma análise por parte de um jurista do Observatório, que efetuou
um relatório publicado na terça-feira na página do ODH na Internet.
O relatório indica que durante a análise aos casos foi constatado que
"a fundamentação das decisões de indeferimento é insuficiente, dado que
não explicita o suporte jurídico das mesmas, nem o critério seguido
pela Segurança Social na qualificação das necessidades educativas
especiais de cada candidato".
“Ora, tratando-se de atos administrativos que negam direitos
fundamentais sociais, essa fundamentação era obrigatória, sob pena de
nulidade”, é referido no relatório.
No relatório efetuado pelo jurista António de Jesus Teixeira é ainda
referido não ser possível “concluir com segurança pela violação do
direito à segurança social em todos os casos denunciados, mas essa
hipótese não pode ser excluída".
A agência Lusa tentou obter telefonicamente uma explicação para este
assunto junto da Segurança Social, que solicitou que o pedido fosse
feito por escrito, remetendo para mais tarde as respostas. Também foi
contactado o Ministério da Educação, mas sem sucesso.
* Procatina-se muito na SS.
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