02/09/2014

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

União Europeia culpa Moscovo por
 "já não ser um parceiro estratégico"

A recém nomeada Alta Representante para a Política Externa da União Europeia responsabilizou a Rússia pelo facto de "já não ser um parceiro estratégico". Já a decisão da NATO de aumentar a presença militar nos seus parceiros do leste europeu representa "uma ameaça militar externa contra a Rússia”, considera Mikhail Popov. 
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No dia seguinte à cimeira de Minsk, capital da Bielorrússia, que reuniu os representantes diplomáticos da Rússia e da Ucrânia, voltou a guerra de palavras entre Moscovo e o Ocidente. As hostilidades foram abertas, já esta terça-feira, pela próxima Alta Representante para a Política Externa da União Europeia, a italiana e socialista Federica Mogherini que inicia funções no próximo dia 1 de Novembro, que responsabilizou Moscovo por "já não ser um parceiro estratégico" para a Europa.

Em declarações aos jornalistas, após um discurso no Parlamento Europeu, Mogherini, citada pelo Corriere della Sera, revelou ainda que a Comissão Europeia começará a preparar, já amanhã, quarta-feira, "um novo pacote" de sanções contra a Rússia. As novas medidas, que devem voltar a incidir sobre os sectores energético, de defesa e económico russos, serão conhecidas sexta-feira, adiantou a governante italiana.

Todavia, a nova responsável pelos assuntos externos europeus também entrou na guerra, propriamente dita, de troca de acusações e responsabilizações mútuas que vem marcando o relacionamento entre a Bruxelas e Moscovo nos últimos meses.

"A situação no terreno [Ucrânia] torna-se cada vez mais dramática. Falamos de uma agressão. Precisamos reagir da forma mais forte possível por forma a aumentar a pressão no sentido de uma solução política", afirmou Mogherini.

Moscovo acusa a NATO de "aumentar a tensão"
Não tardou a resposta ao anúncio desta segunda-feira, em que o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que a organização que lidera vai aumentar a presença militar no território dos seus aliados na Europa de Leste, revelando ainda a constituição de um Plano de Acção Rápida na região.

"Fica demonstrada a vontade dos Estados Unidos e da NATO de prosseguirem uma política de deterioração do relacionamento com a Rússia", lamentou Mikhail Popov, vice-secretário do Conselho de Segurança russo.

Citado pelo Russia Today, Popov afirmou não ter dúvidas de que esta decisão da NATO constitui "uma ameaça militar externa contra a Rússia", pelo que deixou no ar a previsibilidade da necessidade de uma mudança da estratégia militar do Kremlin perante as novas ameaças.

Este responsável pela área de defesa russa recordou ainda que, uma vez que a Crimeia pertence à Federação Russa, qualquer agressão contra esta península será considerada uma agressão contra a Rússia.

Moscovo parece querer evitar um reforço da NATO nas suas zonas limítrofes. O especialista em Relações Internacionais, João Carlos Barradas, notava ao Negócios que, provavelmente, Moscovo deverá alegar "o incumprimento, pela NATO, dos acordos bilaterais estabelecidos com a Rússia em 1997".

Nesse sentido, Rasmussen tentou garantir de antemão que o reforço da presença militar no leste europeu não coloca em causa a proibição do estabelecimento de bases militares permanentes no Europa Central e de Leste, previstos pelo acordo de 97.

Durão Barroso na cimeira da NATO
A União Europeia estará representada na cimeira da NATO, que decorre nos próximos dias 4 e 5 de Setembro no País de Gales, pelo português Durão Barroso, ainda líder da Comissão Europeia. Será uma agenda preenchida pela resposta a adoptar perante o apoio militar, directo e indirecto, das forças russas na parte oriental da Ucrânia.

A Europa, tal como os Estados Unidos, estudam um novo conjunto de sanções económicas contra Moscovo, enquanto, pelo lado da NATO, se prepara o reforço da presença no leste da Europa. Por parte de Kiev, o Presidente Petro Poroshenko, que também marcará presença no País de Gales, quer que a NATO classifique os separatistas pró-russos enquanto entidade terrorista, o que poderia abrir a porta ao apoio militar no terreno pela organização de defesa atlântica.

Quanto às afirmações alegadamente proferidas por Vladimir Putin, Presidente russo, numa conversa telefónica com Durão Barroso, citadas pelo La Repubblica, o Kremlin veio entretanto garantir que as mesmas foram absolutamente retiradas do contexto.

O La Repubblica revelava que Putin terá afirmado que "se eu quiser consigo tomar Kiev em duas semanas. De acordo com a Lusa, o conselheiro do Kremlin para os assuntos externos, Iuri Uchakov, disse que "independentemente de estas palavras terem sido pronunciadas ou não, penso que estas citações foram tiradas do contexto e tinham um significado totalmente diferente".

* De vez em quando uma autoridade europeia arrota postas de pescada mas é uma ilusão, os líderes europeus vão continuar a coçar a micose a Putin.


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