'Networking'
Hoje em dia, ser político, argumentista, físico de partículas ou stripper é, antes de mais, fazer networking.
Na câmara de Lisboa, liderada pelo futuro secretário-geral do PS, trabalham, entre outros, as mulheres de dois deputados do PS, a filha de um dirigente histórico do PS, o marido de uma autarca do PS e a mulher de um ex-secretário de Estado do PS.
De acordo com a Wikipédia – que a preguiça colectiva depressa transformou em Deus, nosso senhor –, networking é “uma rede de contactos; quanto maior for essa rede, maior será a possibilidade de se conseguir uma boa colocação profissional ou realizar bons negócios”.
Fui consultar o meu dicionário de cabeceira, e nele lê-se que “networking” é “mais o género de mão no pêlo, falinhas mansas, almoçaradas e conversas conspirativas que possam assegurar um futuro confortável aos seus praticantes”.
O networking é a cunha do século XXI. A mediana criatividade, ou um labor meridiano, são secundários. E esqueçam o multitasking. Mais importante é o cafezinho, o telefonema de circunstância, a jura de lealdade, a prenda de casamento, o ginásio, a conferência, o cativo no estádio, o clube de golfe, a loja maçónica, o lugar na missa, o instinto de lóbi, a militância partidária, a sublime hipocrisia.
“Faz networking”, dizem-me sempre. Um dia, juro que vou fazer.
Na câmara de Lisboa, liderada pelo futuro secretário-geral do PS, trabalham, entre outros, as mulheres de dois deputados do PS, a filha de um dirigente histórico do PS, o marido de uma autarca do PS e a mulher de um ex-secretário de Estado do PS.
De acordo com a Wikipédia – que a preguiça colectiva depressa transformou em Deus, nosso senhor –, networking é “uma rede de contactos; quanto maior for essa rede, maior será a possibilidade de se conseguir uma boa colocação profissional ou realizar bons negócios”.
Fui consultar o meu dicionário de cabeceira, e nele lê-se que “networking” é “mais o género de mão no pêlo, falinhas mansas, almoçaradas e conversas conspirativas que possam assegurar um futuro confortável aos seus praticantes”.
O networking é a cunha do século XXI. A mediana criatividade, ou um labor meridiano, são secundários. E esqueçam o multitasking. Mais importante é o cafezinho, o telefonema de circunstância, a jura de lealdade, a prenda de casamento, o ginásio, a conferência, o cativo no estádio, o clube de golfe, a loja maçónica, o lugar na missa, o instinto de lóbi, a militância partidária, a sublime hipocrisia.
“Faz networking”, dizem-me sempre. Um dia, juro que vou fazer.
IN "SÁBADO"
12/07/14
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