ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
80 médicos acusados de corrupção
Indicavam aos utentes os aparelhos auditivos apenas comercializados por
três empresas multinacionais. Em troca recebiam bens de valor, dinheiro e
viagens, que podiam chegar aos cinco mil euros.
A rede era composta por 80 médicos, de todo o País, da área da
Otorrinolaringologia, que em cinco anos receberam benefícios no valor de
400 mil euros.
A IDA AO BAÚ |
A investigação da Unidade Contra a Corrupção da Polícia Judiciária ficou
agora concluída. Além dos clínicos, também os laboratórios médicos são
arguidos no processo. No relatório final enviado para o Departamento de
Investigação e Ação Penal de Lisboa, a PJ sugere que os arguidos sejam
indiciados por crimes de corrupção e obtenção indevida de vantagem.
O esquema era já tido como se fosse uma prática comum entre os médicos
daquela área. Falavam sobre o assunto de forma aberta. A investigação
centrou-se entre 2007 e 2012 de norte a sul do País. A rede era
integrada por médicos do Serviço Nacional de Saúde, mas também incluía
profissionais de clínicas privadas.
As empresas multinacionais incentivavam os clínicos a promover a venda
de aparelhos auditivos apenas de determinadas marcas. Os médicos, por
sua vez, sugeriam a compra daqueles produtos aos utentes, mesmo que
fossem mais caros do que outros disponíveis no mercado.
O esquema permitiu aos 80 médicos da área da Otorrinolaringologia terem
vários luxos ao longo de cinco anos. Sabiam, aliás, que quantos mais
aparelhos auditivos vendessem maior seria o benefício dado pelos
laboratórios médicos. O prémio máximo atribuído aos clínicos seriam as
viagens para destinos de sonho, que atingiam os milhares de euros.
Todos os arguidos neste processo encontram-se em liberdade, sujeitos a termo de identidade e residência.
Ministério colaborou na investigação
A investigação da Unidade Nacional Contra a Corrupção da Polícia
Judiciária foi acompanhada de perto pelo Ministério da Saúde, que
colaborou fornecendo todos os dados necessários.
O extenso número de profissionais da área da Otorrinolaringologia
envolvidos no esquema deixou, aliás, não só os inspetores da Polícia
Judiciária estupefactos, como o próprio Ministério de Paulo Macedo. A
acusação formal deverá ser deduzida nos próximos meses.
* As vigarices congeminadas por médicos, farmácias e laboratórios parecem inesgotáveis.
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