HOJE NO
"i"
"i"
Costa afasta-se de Sócrates
por causa do Face Oculta
Sem
referir o caso, socialista diz ser "inaceitável" a "motivação de um
governo para um grupo económico comprar ou vender aquele órgão de
comunicação social"
Depois
de ter apontado "erros" ao último governo do PS, António Costa
afasta-se agora de um caso que marcou profundamente o executivo e José
Sócrates nos anos de 2009 e 2010, o processo Face Oculta, em particular o
caso PT/TVI. Sem fazer referências directas, o candidato às primárias
do PS classificou de "inaceitável" a "motivação" de um governo para que
um grupo económico compre ou venda um órgão de comunicação social.
A frase saiu no decorrer do programa "Quadratura do Círculo", transmitido quinta-feira à noite pela SIC-Notícias, quando o socialista falava na separação de águas entre sectores público e privado. Costa dizia considerar "normal" o "alinhamento estratégico" entre o Estado e determinados sectores económicos, tendo em conta objectivos estratégicos para o país. Mas depois continuou: "O que não podemos confundir é o alinhamento estratégico com a promiscuidade de interesses. Isso é que é inaceitável. E é inaceitável quer a motivação por parte de um governo para determinado grupo económico comprar ou vender aquele órgão de comunicação social, para determinar a sua linha editorial [aqui Pacheco Pereira interrompeu: "Está a falar do engenheiro Sócrates, foi o que ele tentou fazer." Costa não parou], como é gravíssima a situação existente, e duradouramente existente, do domínio, por exemplo, da imprensa económica pelos grupos económicos."
A descrição feita até ao aparte de Pacheco Pereira assenta como uma luva àquele que foi o caso apontado nos despachos dos investigadores do Face Oculta, revelados pelo semanário "Sol" em 2010, de que haveria "indícios muito fortes da existência de um plano em que está envolvido directamente o governo, nomeadamente o primeiro-ministro", com vista à "interferência no sector da comunicação social e o afastamento de jornalistas incómodos".
No auge da crise do processo Face Oculta, em 2010, a continuidade de Sócrates como primeiro-ministro era questionada diariamente - depois de as escutas vindas a público terem revelado que conversava sobre o plano de colocar a PT a comprar parte da TVI e, consequentemente, acabar com o noticiário de Manuela Moura Guedes, que era considerado o inimigo número 1 do governo. "Aquilo é uma caça ao homem. Aquilo é um telejornal travestido", chegou a dizer o então chefe do executivo. Na altura, em declarações ao i, António Costa admitiu que, em caso de demissão do primeiro--ministro, o PS teria condições de o substituir sem recurso à realização de eleições.
Note-se que Costa não pediu a demissão de Sócrates e até começou por responder à pergunta do i garantindo que "José Sócrates tem todas as condições internas e plena legitimidade eleitoral para exercer as funções que exerce". Confrontado com a possibilidade de substituí-lo no governo e no partido, Costa excluiu-se. Mas admitiu que "se por qualquer hipótese [o primeiro-ministro] deixar de o ser, o PS tem no governo e na Assembleia da República boas soluções que asseguram a continuidade institucional do seu mandato". António Costa recusou-se a concretizar quais eram as "boas soluções" que o PS tinha "no governo e na Assembleia da República", mas a frase encaixava numa tese, na altura, popular: a possibilidade de, com a bênção de Cavaco Silva, ser formado um governo sob a liderança de Jaime Gama ou Teixeira dos Santos.
Sócrates acabou por resistir à pressão para se demitir e as escutas foram destruídas. O inquérito proposto pelo procurador de Aveiro, João Marques Vidal, contra o primeiro-ministro por atentado ao Estado de direito é liminarmente afastado por Pinto Monteiro, procurador-geral da República à época, e pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento.
* António Costa tem um raro sentido de oportunidade "pulhítica". Há menos de um mês elogiava na praça pública o governo de Socrates, que Daniel Bessa considera ser um "taliban" aos comandos do avião para desmoronar Portugal, a mando de Vitor Constâncio.
** As sondagens mostram uma descida acentuada de confiança no PS, António Costa pode ufanar-se de o ter conseguido.
*** João Marques Vidal é, tão somente, um homem muito sério à procura de justiça!
A frase saiu no decorrer do programa "Quadratura do Círculo", transmitido quinta-feira à noite pela SIC-Notícias, quando o socialista falava na separação de águas entre sectores público e privado. Costa dizia considerar "normal" o "alinhamento estratégico" entre o Estado e determinados sectores económicos, tendo em conta objectivos estratégicos para o país. Mas depois continuou: "O que não podemos confundir é o alinhamento estratégico com a promiscuidade de interesses. Isso é que é inaceitável. E é inaceitável quer a motivação por parte de um governo para determinado grupo económico comprar ou vender aquele órgão de comunicação social, para determinar a sua linha editorial [aqui Pacheco Pereira interrompeu: "Está a falar do engenheiro Sócrates, foi o que ele tentou fazer." Costa não parou], como é gravíssima a situação existente, e duradouramente existente, do domínio, por exemplo, da imprensa económica pelos grupos económicos."
A descrição feita até ao aparte de Pacheco Pereira assenta como uma luva àquele que foi o caso apontado nos despachos dos investigadores do Face Oculta, revelados pelo semanário "Sol" em 2010, de que haveria "indícios muito fortes da existência de um plano em que está envolvido directamente o governo, nomeadamente o primeiro-ministro", com vista à "interferência no sector da comunicação social e o afastamento de jornalistas incómodos".
No auge da crise do processo Face Oculta, em 2010, a continuidade de Sócrates como primeiro-ministro era questionada diariamente - depois de as escutas vindas a público terem revelado que conversava sobre o plano de colocar a PT a comprar parte da TVI e, consequentemente, acabar com o noticiário de Manuela Moura Guedes, que era considerado o inimigo número 1 do governo. "Aquilo é uma caça ao homem. Aquilo é um telejornal travestido", chegou a dizer o então chefe do executivo. Na altura, em declarações ao i, António Costa admitiu que, em caso de demissão do primeiro--ministro, o PS teria condições de o substituir sem recurso à realização de eleições.
Note-se que Costa não pediu a demissão de Sócrates e até começou por responder à pergunta do i garantindo que "José Sócrates tem todas as condições internas e plena legitimidade eleitoral para exercer as funções que exerce". Confrontado com a possibilidade de substituí-lo no governo e no partido, Costa excluiu-se. Mas admitiu que "se por qualquer hipótese [o primeiro-ministro] deixar de o ser, o PS tem no governo e na Assembleia da República boas soluções que asseguram a continuidade institucional do seu mandato". António Costa recusou-se a concretizar quais eram as "boas soluções" que o PS tinha "no governo e na Assembleia da República", mas a frase encaixava numa tese, na altura, popular: a possibilidade de, com a bênção de Cavaco Silva, ser formado um governo sob a liderança de Jaime Gama ou Teixeira dos Santos.
Sócrates acabou por resistir à pressão para se demitir e as escutas foram destruídas. O inquérito proposto pelo procurador de Aveiro, João Marques Vidal, contra o primeiro-ministro por atentado ao Estado de direito é liminarmente afastado por Pinto Monteiro, procurador-geral da República à época, e pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento.
* António Costa tem um raro sentido de oportunidade "pulhítica". Há menos de um mês elogiava na praça pública o governo de Socrates, que Daniel Bessa considera ser um "taliban" aos comandos do avião para desmoronar Portugal, a mando de Vitor Constâncio.
** As sondagens mostram uma descida acentuada de confiança no PS, António Costa pode ufanar-se de o ter conseguido.
*** João Marques Vidal é, tão somente, um homem muito sério à procura de justiça!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário