04/06/2014

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HOJE NO   
"A BOLA"

. Campanhas de Dinamização do MFA 


No início de 1975, Manuel Brito era um jovem professor de Educação Física, que integrava a equipa técnica da então Direção-Geral dos Desportos – que haveria de presidir, sob a denominação de Instituto do Desporto de Portugal entre 1999 e 2002. Foi naquela condição que viu serem-lhe atribuídas tarefas diversas, entre elas representar este organismo na preparação e acompanhamento das Campanhas de Dinamização Cultural do Movimento das Forças Armadas no que à área desportiva dissesse respeito.

«Raras são as gerações que têm, alguma vez, a oportunidade de serem contemporâneas de um movimento social profundo, como uma Revolução — que é disso que se trata com o 25 de Abril de 1974 — e, no meu caso, este facto não poderia passar-me ao lado. Tanto esperei por esse momento, que não desejava ser um mero espectador ou um crítico assético e distante. Era intenso o impulso de ser, também, um verdadeiro ator», escreveu Manuel Brito no catálogo da sua exposição ´Campanhas de Dinamização Cultural do MFA: Operações Guarda e Maio-Nordeste`, inaugurada esta segunda-feira – está patente até ao próximo dia 30 – na sede da Associação 25 de Abril, em Lisboa, que reúne quatro dezenas de fotografias de um acervo com 204 imagens, oferecidas há pouco tempo pelo autor ao Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.

Em tão importante ocasião, Manuel Brito reuniu família e amigos para contar, fruto de avassaladora paixão por fotografia, as histórias captadas com a sua Pentax SP1000, uma relíquia que um dia adquiriu a um amigo.

«Sinto uma grande emoção. Praticamente nunca mostrei estas fotos a ninguém. Em termos pessoais, esta exposição corresponde a uma homenagem aos militares do 25 de Abril», explica Manuel Brito, regozijando-se pelo facto de poder partilhar com o público tão importante pedaço de história:

«As fotos já não são minhas. Limitei-me a tirá-las, a guardá-las e elas já são do público. Registam um momento muito importante na minha vida. Participei nestas campanhas no interior do País, na Guarda, em Bragança... Entendia que as campanhas não podiam ser só, entre aspas, conversa. Não podiam ser só incentivar e explicar. Não! Tínhamos de levar algumas soluções e nós, na parte desportiva, levámos. Construímos campos, ginásios rurais um pouco por todo o lado, levámos alguma coisa às populações.»

Manuel Brito, antigo vereador da Câmara Municipal de Lisboa, antigo vice-presidente do Comité Olímpico de Portugal, assume que esse período foi de enorme aprendizagem.

«Eu era um urbano, de Lisboa, que não conhecia a realidade do País mais profundo e adotei sempre esta atitude: a minha máquina fotográfica é o meu bloco de notas, eu tenho de registar tudo o que estou a ver, não posso esquecer-me disto. E estou muito feliz pelo facto de a Associação 25 de Abril ter recebido de braços abertos as imagens de um período tão marcante na minha vida pessoal e na nossa vida enquanto comunidade.»

* Uma exposição que os democratas não devem perder.


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