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Crianças europeias reconhecem riscos
. para a saúde do vício na Internet
De
acordo com os responsáveis pelo relatório, a prevenção está demasiado
centrada no ‘cyberbullying’, na proteção da informação pessoal e no
contacto pessoal com estranhos que se conheceu ‘online'
As
crianças europeias reconhecem que o vício na Internet lhes pode
provocar problemas de saúde, e mencionam dores de cabeça e problemas de
visão como consequência do excessivo tempo despendido ‘online’, refere
um relatório apoiado pela União Europeia.
A perda de contacto com a realidade, assim como a falta de interesse
por atividades, foram reconhecidas como consequências do vício na
Internet pelas crianças de nove países europeus que participaram num
estudo da rede ‘EU Kids Online’, dedicado a analisar o que os mais novos
percecionam como situações problemáticas ao usar a Internet.
“Depois de passarem demasiado tempo ‘online’, algumas disseram sentir
dores de cabeça, problemas de visão, sonos irregulares e até mesmo a
perda de amigos”, refere-se nas conclusões do relatório agora divulgado,
que envolveu a participação de 378 crianças entre os 9 e os 16 anos de
idade, com origem em Portugal, Bélgica, República Checa, Grécia, Itália,
Malta, Roménia, Espanha e Reino Unido.
No entanto, o que os jovens mais receiam ao usarem a Internet é serem
vítimas de assédio ou ‘bullying’, de acordo com as conclusões do
relatório, que já tinham sido parcialmente divulgadas em fevereiro, a
propósito do dia da Internet Segura.
As conclusões indicam também que as vítimas deste tipo de violência,
frequentemente veiculada através das redes sociais, tendem a recorrer
mais a estratégias proactivas de defesa que evitem a exposição a
situações de risco, do que a procurar apoio social – junto da família,
amigos e escola – para lidar com o problema, sendo que são as raparigas
quem mais procura ajuda social.
No que diz respeito à mediação de potenciais situações problemáticas,
os pais são uma importante rede de apoio junto dos mais novos, que são
aqueles que têm menos relutância em recorrer à intervenção parental. Os
mais velhos tendem a ver a intervenção dos pais nestas situações como
uma invasão de privacidade, sobretudo quando estes pedem para verificar
os aparelhos eletrónicos que os filhos estavam a usar.
“Isto é um problema, porque pode provocar conflitos no seio da
família e tornar menos provável que as crianças confiem nos pais para
lhes contar os problemas que surjam”, lê-se nas conclusões.
Sobre o envolvimento das escolas na mediação e prevenção de
conflitos, o relatório refere que “variou consideravelmente, dependendo
da cultura da escola, e das aptidões e conhecimentos tecnológicos dos
professores”.
Em alguns casos, acrescenta-se, as estratégias de prevenção são
incorporadas em atividades em sala de aula, ou organizam-se palestras
para alertar para os riscos.
Os autores do estudo apontam algumas políticas que podiam ser
adotadas para lidar de forma mais abrangente com as várias situações de
vulnerabilidade que os mais novos podem enfrentar pelo uso da Internet.
De acordo com os responsáveis pelo relatório, a prevenção está
demasiado centrada no ‘cyberbullying’, na proteção da informação pessoal
e no contacto pessoal com estranhos que se conheceu ‘online’
“As crianças precisam de uma educação mais vasta e detalhada sobre o
mundo digital que as ajude a avaliar melhor situações problemáticas.
Também precisam de mais educação relativamente à exposição a conteúdos
de cariz sexual ou a contactos de índole sexual, assim como de mais
informação sobre vício digital e problemas comerciais”, refere o estudo.
Os autores defendem ainda que as estratégias de prevenção devem ter
em conta o contexto social das crianças, a sua idade e deve valorizar o
país de origem de cada uma, dando como exemplo o facto de aquelas que
são de países da ex-federação soviética verem o ‘download’ ilegal como
uma situação mais aceitável do que as crianças do Reino Unido, que
identificam os problemas legais destas ações.
* Pais atentos são a melhor barreira para a vulnerabilidade das crianças.
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