ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
Precisa de tirar o cartão de cidadão?
Prepare-se para esperar. E desesperar
O Expresso foi em digressão pelas Lojas do Cidadão que restam em Lisboa em semana de grande afluência. Descubra onde menos se desespera.
Apenas esta quinta-feira, depois de já ter tentado três
vezes, Tiago Ferreira ganhou coragem para aguentar tanto tempo de
espera. Chegou à Loja do Cidadão das Laranjeiras por volta das 6h45 da
manhã. Às 8h30 conseguiu a senha número quatro e foi das primeiras
pessoas a ser atendida. A situação causa transtorno. "Tive de acordar
muito mais cedo e vou trabalhar às onze", disse ao Expresso. Esteve duas
horas à espera para ser atendido.
Na mesma fila estavam mais de cem pessoas, metade das quais para fazer ou renovar o cartão de cidadão.
Na terça-feira, às 9h30, a espera era também de duas
horas. As senhas para o cartão de cidadão já iam no 145. A sala de
espera estava lotada. Havia quem tivesse chegado de madrugada. A loja
abriu eram 8h30 e uma hora depois apenas 25 pessoas tinham sido
atendidas.
A afluência a este serviço tem vindo a diminuir, mas algumas horas de espera ainda são garantidas.
Rui (nome fictício) chegou na terça-feira às
Laranjeiras eram 9h40, retirou a senha número 154.
Quando percebeu as duas ou mais horas de espera que o aguardavam decidiu ir-se embora. Mas antes, perguntou à funcionária como podia fazer para agendar a marcação. Foi-lhe entregue um número de telefone e a resposta foi: "Pelo que sei, são pelo menos três meses de espera". Ligou de imediato, na presença do Expresso. Não foi fácil, nem eficaz. "Tinha muitas opções para escolher e muito tempo de espera, além de que era paga", conta.
Quando percebeu as duas ou mais horas de espera que o aguardavam decidiu ir-se embora. Mas antes, perguntou à funcionária como podia fazer para agendar a marcação. Foi-lhe entregue um número de telefone e a resposta foi: "Pelo que sei, são pelo menos três meses de espera". Ligou de imediato, na presença do Expresso. Não foi fácil, nem eficaz. "Tinha muitas opções para escolher e muito tempo de espera, além de que era paga", conta.
Grávidas, bebés e idosos respiravam de alívio no meio
das centenas de pessoas que ainda esperavam. Embora muitos deles não
soubessem, podiam tirar a senha V, porque tinham prioridade e um
funcionário chamava-os insistentemente para serem atendidos. Ainda
assim, nem todos viam as suas condições reconhecidas. Ana Vieira está
grávida, mas ficou surpreendida quando um funcionário lhe disse que era
necessária a apresentação de um comprovativo de gravidez. "Não está
escrito em lado nenhum as condições para as senhas prioritárias",
constatou. Nem Ana sabia, nem João, de 68 anos. "Não está escrito
em lado algum que temos prioridade dos 65 anos para cima. Afinal,
estive tanto tempo à espera desnecessariamente", reclamou.
Quem se despachava, pouco tempo tinha para falar com o
Expresso. A justificação era quase sempre a mesma: tinham de ir
trabalhar e já estavam atrasados. Todas essas pessoas que até às 9h30
estavam a ser atendidas tinham chegado ainda antes de a loja abrir. Tudo
isto, num dia meio chuvoso.
Para quem não conseguia um lugar na sala de espera e não queria aguardar tanto tempo de pé a funcionária explicava que, na senha retirada, estava um código que permitia, enviando uma SMS, receber outra de volta a informá-lo que já só faltavam nove senhas para ser atendido. Uma lufada de ar fresco para quem tanto tinha de esperar.
Para quem não conseguia um lugar na sala de espera e não queria aguardar tanto tempo de pé a funcionária explicava que, na senha retirada, estava um código que permitia, enviando uma SMS, receber outra de volta a informá-lo que já só faltavam nove senhas para ser atendido. Uma lufada de ar fresco para quem tanto tinha de esperar.
Às dez da manhã já a senha número 34 era atendida, o
que resulta numa média de 25 senhas por hora, quando não há
desistências. Diz quem ali trabalha que dão senhas conforme a afluência.
Há dias em que terminam por volta das 14h. Normalmente, emitem cerca de
300 senhas por dia. Mas esta terça e quarta-feira foi diferente. Às 16h
de terça ainda se podia tirar a senha C (para tratar do pedido do
cartão de cidadão) e já tinham sido tiradas 500 senhas.
O Expresso contactou a AMA (Agência para a Modernização
Administrativa), responsável pela rede de Lojas do Cidadão, com o
objetivo de perceber o porquê de tanta afluência. Responderam que, de
acordo com o Instituto dos Registos e Notariado (Ministério da Justiça)
"a principal causa terá sido a primeira vaga de emissões de cartões de
cidadão que estão a caducar simultaneamente, num curto espaço de tempo".
Há cinco anos, só em Lisboa, foram atribuídos cerca de 200 mil cartões
de cidadão.
A AMA acrescenta ainda que tem tentado assegurar os
níveis de serviço e atendimento e em "trabalhar com o Instituto do
Registo e do Notariado e outros serviços" que constituam alternativas a
quem se desloca à Loja do Cidadão das Laranjeiras.
No concelho de Lisboa, há neste momento mais quatro locais onde é possível fazer ou renovar o cartão do cidadão. Ao que o Expresso apurou, a que está com melhores condições de serviço e menos tempo de espera é o recente Departamento do Cartão do Cidadão, no edifício J do Campus da Justiça de Lisboa, no Parque das Nações.
No concelho de Lisboa, há neste momento mais quatro locais onde é possível fazer ou renovar o cartão do cidadão. Ao que o Expresso apurou, a que está com melhores condições de serviço e menos tempo de espera é o recente Departamento do Cartão do Cidadão, no edifício J do Campus da Justiça de Lisboa, no Parque das Nações.
EM DIGGRESSÃO PELAS LOJAS
Ponto da situação terça, dia 20
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Campus da Justiça de Lisboa
Além de haver menor afluência é possível fazer agendamento no local, sem ter de permanecer na fila de espera. O agendamento, com dia e hora marcada, resultaria em menos de uma semana de espera. A espera para o atendimento no próprio dia rondava entre hora e hora e meia e os lugares para sentar eram vários. Às 11h45 os números de espera eram apenas 50 - nada comparado à Loja do Cidadão de Marvila.
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Além de haver menor afluência é possível fazer agendamento no local, sem ter de permanecer na fila de espera. O agendamento, com dia e hora marcada, resultaria em menos de uma semana de espera. A espera para o atendimento no próprio dia rondava entre hora e hora e meia e os lugares para sentar eram vários. Às 11h45 os números de espera eram apenas 50 - nada comparado à Loja do Cidadão de Marvila.
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Centro comercial da Bela Vista
Para quem vai de metro, a Loja do Cidadão de Marvila é das mais acessíveis, pois o metro tem saída mesmo para o centro comercial da Bela Vista. Mas o tempo de espera assusta quem lá entra. Ao que o Expresso constatou, o tempo de espera era acima das três horas. Já os agendamentos rondam os três meses de espera. E as pessoas desesperam.
A loja abriu as portas eram 9h. Às 12h30 a senha que se retirava tinha o número 161, mas os atendimentos estavam lentos e ainda não tinha sido despachadas 80 pessoas.
Comparando com o Departamento do Cartão do Cidadão, na Expo, a afluência é maior e os atendimentos são mais lentos. Enquanto na Expo, em três horas mais de 100 pessoas foram atendidas, na Loja do Cidadão de Marvila, em três horas e meia, nem 80 pessoas tinham sido chamadas.
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Para quem vai de metro, a Loja do Cidadão de Marvila é das mais acessíveis, pois o metro tem saída mesmo para o centro comercial da Bela Vista. Mas o tempo de espera assusta quem lá entra. Ao que o Expresso constatou, o tempo de espera era acima das três horas. Já os agendamentos rondam os três meses de espera. E as pessoas desesperam.
A loja abriu as portas eram 9h. Às 12h30 a senha que se retirava tinha o número 161, mas os atendimentos estavam lentos e ainda não tinha sido despachadas 80 pessoas.
Comparando com o Departamento do Cartão do Cidadão, na Expo, a afluência é maior e os atendimentos são mais lentos. Enquanto na Expo, em três horas mais de 100 pessoas foram atendidas, na Loja do Cidadão de Marvila, em três horas e meia, nem 80 pessoas tinham sido chamadas.
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Fontes Pereira de Melo
Mais perto do centro, perto da saída do metro de Picoas encontramos a Conservatória do Registo Civil de Lisboa, onde no piso -1 também é possível fazer ou renovar o cartão de cidadão. Sítios para sentar encontravam-se, mas a situação de espera era caótica. Segundo quem estava a duas senhas de ser atendido, por volta das 13h30, o tempo de espera era superior as três horas - sendo "basicamente três horas e meia de espera", contou ao Expresso um cidadão que não quis ser identificado.
À hora de almoço, eram mais de 100 os números à frente de quem tirava a senha M e uma estimativa feita pelo Expresso aponta que, no espaço de uma hora, apenas 30 pessoas estivessem a ser atendidas. Ainda assim, na quinta-feira a situação esteve ligeiramente melhor.
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Mais perto do centro, perto da saída do metro de Picoas encontramos a Conservatória do Registo Civil de Lisboa, onde no piso -1 também é possível fazer ou renovar o cartão de cidadão. Sítios para sentar encontravam-se, mas a situação de espera era caótica. Segundo quem estava a duas senhas de ser atendido, por volta das 13h30, o tempo de espera era superior as três horas - sendo "basicamente três horas e meia de espera", contou ao Expresso um cidadão que não quis ser identificado.
À hora de almoço, eram mais de 100 os números à frente de quem tirava a senha M e uma estimativa feita pelo Expresso aponta que, no espaço de uma hora, apenas 30 pessoas estivessem a ser atendidas. Ainda assim, na quinta-feira a situação esteve ligeiramente melhor.
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Avenida Elias Garcia
Não muito longe da Conservatória do Registo Civil de Lisboa, numa transversal sensivelmente a meio da Avenida da República, encontramos a RIAC (Rede Integrada de Apoio ao Cidadão) onde é possível comprar produtos tradicionais dos Açores e tirar o cartão do cidadão. Ao entrar, uma funcionária explica, prontamente, que para sermos atendidos temos de fazer agendamento. "Neste momento, penso que estejamos a realizar o agendamento de julho", explicava a mesma funcionária. Um total de, pelo menos, um mês e meio de espera. Não tão assombroso como o tempo de espera das lojas do cidadão.
* Tudo isto devido à paranóia "economezita" do governo.
Não muito longe da Conservatória do Registo Civil de Lisboa, numa transversal sensivelmente a meio da Avenida da República, encontramos a RIAC (Rede Integrada de Apoio ao Cidadão) onde é possível comprar produtos tradicionais dos Açores e tirar o cartão do cidadão. Ao entrar, uma funcionária explica, prontamente, que para sermos atendidos temos de fazer agendamento. "Neste momento, penso que estejamos a realizar o agendamento de julho", explicava a mesma funcionária. Um total de, pelo menos, um mês e meio de espera. Não tão assombroso como o tempo de espera das lojas do cidadão.
* Tudo isto devido à paranóia "economezita" do governo.
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