HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Companhias ameaçam deixar
de voar para a Venezuela
Caracas deve perto de 4.000 milhões de dólares as companhias aéreas que prestam serviço naquele país da América Latina. TAP mantém três ligações semanais entre Portugal e a Venezuela.
Perante uma dívida que se acumula desde o início de 2013 e a falta de
um acordo com Caracas para formalizar um acordo de pagamento, a
Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês),
diz que várias companhias podem vir a suspender as operações para
aquele país da América do Latina.
"Se a situação continuar a piorar as companhias áreas vão ter que
tomar medidas drásticas e mais transportadoras vão sair do mercado, algo
que não querem fazer", diz o vice-presidente da IATA para as Américas.
Peter Cerda, que falava em declarações ao canal espanhol da cadeia de
televisão CNN, explicou que a suspensão de operações é uma decisão
"muito difícil de tomar" pela aproximação que existe entre as empresas e
o público venezuelano, mas recordou, por outro lado, que o Governo da
Venezuela continua sem formalizar qualquer acordo de pagamento.
As declarações do vice-presidente da IATA acontecem um dia depois de a
Alitalia ter anunciado que deixará de voar de e para Caracas a partir
de 1 de Junho. Em causa está o pagamento de 187 milhões de dólares
(134,5 milhões de euros) de dívidas do Governo venezuelano, num total
que ronda os 4.000 milhões. A suspensão irá manter-se por dois meses,
anunciou a Alitalia.
"Infelizmente nada está formalizado, até ao momento, com nenhuma
companhia aérea", frisou, sem especificar que transportadoras ponderam
suspender as operações e lembrando que "esse dinheiro não é do Governo, é
[das empresas], que prestaram um serviço".
Contactada, fonte da TAP escusa-se a comentar esta situação,
sublinhando que as operações continuam a decorrer normalmente, com três
ligações semanais entre Lisboa e Caracas. Segundo dados fornecidos há
cerca de quatro anos ao Diário Económico, a operação para Caracas
representava uma receita anual de cerca de 44 milhões de euros por ano.
Na Venezuela está em vigor, desde 2003, um apertado sistema de
controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no
país e obriga as companhias aéreas a terem autorização para poderem
repatriar os capitais gerados pelas operações.
Depois de a Air Canadá ter suspendido as operações em Março, a IATA
exortou o Governo da Venezuela no final de Abril a pagar os quase 4 mil
milhões de dólares (2,87 mil milhões de euros) que deve às companhias
aéreas, por conceito de repatriação de capitais correspondentes às
vendas de bilhetes, salientando que "a situação é insustentável".
Há mais de um mês que o Governo revelou que prepara um calendário
para pagar as dívidas. O ministro dos Transportes Marítimo e Aéreo
venezuelano, Hebert Garcia Plaza, que fez o anúncio, sublinhou que os
pagamentos seriam efectuados ao valor do câmbio vigente aquando das
vendas - 4,30 bolívares por dólar em 2012, e 6,30 por dólar em 2013 - e
que, em 2014, seria aplicado o valor referencial correspondente aos
leilões do Sistema Complementar de Administração de Divisas (Sicad 1),
atualmente em 10 bolívares por dólar.
Segundo a Associação de Companhias Aéreas da Venezuela 11 das 26
transportadoras que voam para Caracas reduziram, desde Janeiro, a oferta
de lugares, nalguns casos até quase aos 80%, devido à impossibilidade
de repatriar os capitais correspondentes às vendas.
Perante estas
medidas, os clientes queixam-se de dificuldades em conseguir fazer
reservas de viagens para o estrangeiro e que as empresas aéreas
triplicaram os preços , nalguns casos para valores acima de 3.000 euros,
para destinos europeus.
Para a IATA, a situação é dificultada pela volatilidade do próprio
Governo que, em Dezembro, aumentou as taxas em 70% "sem qualquer
consulta aos parceiros nem melhorias no serviço prestado" e implementou
taxas especiais sobre as companhias para financiar actividades "que nada
têm a ver com o transporte aéreo".
* Parece que as companhias de aviação têm um enorme cagaço de Nicolas "O Pôdre", assim se alimentam as ditaduras.
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