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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
20/04/14
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Notícias do futuro
Esta semana
foram conhecidas em Paris duas notícias muito reveladoras dos caminhos
da indústria do audiovisual. Vamos por partes: um estudo da Ipsos, Open
Thinking Exchange revelou que 86% dos consumidores de televisão à escala
planetária são ainda espectadores "ao vivo" mas que o chamado streaming
e outras formas de visionamento estão em ritmo de crescimento
acelerado. Em relação ao último estudo o dado principal, que não
constitui exatamente uma novidade, é o aumento do visionamento em
dispositivos móveis como os tablets ou os smartphones, que hoje são já
uma ameaça real ao computador portátil e que no futuro poderão ser ao
próprio ecrã de televisão, sobretudo em conteúdos de visionamento mais
rápido como as notícias.
Apesar de Portugal não estar referido no
documento principal, os números conhecidos na audimetria da GFK não
diferem muito do estudo da Ipsos - no mercado televisivo português a
categoria "outros" que junta gravações e vídeo on demand, por exemplo,
vale, por regra, 10% do consumo diário. A medição que ainda não existe
em Portugal, pelo menos de maneira sistematizada, e que é uma ferramenta
importante é a do visionamento fora do ecrã. Hoje, com as redes
sociais, esse visionamento cresceu exponencialmente e vale dinheiro. É
curioso verificar ainda que nas economias ditas emergentes, como a russa
ou a chinesa, há mais gente a consumir conteúdos fora do ecrã em
contraste com as economias que, mesmo em crise, tiveram um
desenvolvimento mais sustentado no pós-guerra.
De Paris chegou
também a outra notícia que merece ser lida com atenção. Em França o
filme sobre o escândalo que envolveu Dominique Strauss-Khan num hotel
de Nova Iorque não vai ter exibição nas salas de cinema. O filme do
realizador Abel Ferrara, que tem Gerard Depardieu como protagonista,
será disponibilizado diretamente em vídeo on demand. Os produtores
rejeitam a tese de terem sido alvo de qualquer pressão. Dizem apenas que
o filme anterior de Ferrara fez 20 mil espectadores em sala e teve três
milhões de visionamentos no YouTube. "Isso obriga-nos a refletir." Está
aberto um novo caminho.
Voz afinada
Vi
finalmente, com olhos de ver, o The Voice Portugal com que a RTP tem
vindo a mudar nas últimas semanas o panorama televisivo das noites de
domingo. O programa está de facto bem conseguido, o júri é um achado, os
apresentadores estão no tom certo, e isso é tanto mais notável no caso
de Catarina Furtado, que anda há quase 20 anos a fazer programas de
novos talentos sabendo encontrar sempre o registo adequado. O The Voice
da RTP perturbou pouco a TVI, mas tirou muitos espectadores à SIC,
captando muitos espectadores entre os 4 e os 54 anos.
Um excesso
Foi
no dia do Benfica-Porto, mas há muitos dias assim no calendário deste
ano e temos outros pela frente, desde logo no Mundial do Brasil. Existe
uma overdose de futebol falado na oferta televisiva em Portugal.
Demasiado peso nos telejornais em canal aberto e um verdadeiro massacre
nos canais informativos do cabo, onde a imaginação não abunda. O futebol
é um fenómeno socialmente relevante, os canais privados em particular
vivem das receitas, mas há um exagero no tempo que o futebol ocupa.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
20/04/14
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