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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Vaticano rejeita "envolvimento pessoal"
. de João Paulo II em caso de
padre pedófilo
O Vaticano refutou, ontem, terça-feira, acusações de que o Papa João Paulo
II soube e ignorou alegações sobre abusos sexuais cometidos pelo padre
mexicano Marcial Maciel, que fundou um poderoso movimento católico.
"O estudo dos documentos pessoais do
Papa" durante o processo para a canonização demonstram que "não há
qualquer implicação pessoal do Santo Padre neste caso", disse o
porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, numa conferência de imprensa
sobre a cerimónia de canonização dos papas João Paulo II e João XXIII,
prevista para domingo.
O escândalo sobre Marcial Maciel, que fundou a Legião de Cristo e era um
predador em série, foi um de milhares de casos de abusos sexuais
realizados por religiosos que começaram a surgir durante o papado de
João Paulo II.
As alegações sobre Maciel começaram a aparecer na década de 1980, mas
foram consistentemente ignoradas pela hierarquia da Igreja católica, que
em vez disso aprovou estatutos para o grupo que de facto baniam as
críticas a Maciel e permitiram o crescimento de um culto de
personalidade em seu redor.
Acabou por se descobrir que Maciel molestara muitos seminaristas e abusara dos filhos que teve de várias mulheres, apesar dos seus votos de castidade.
A história da Legião, cujos membros são referidos como legionários, foi
vista como um dos principais obstáculos à canonização do papa polaco.
Os opositores da canonização acusam João Paulo II de pôr os interesses da Igreja católica acima de tudo e de fazer vista grossa às acusações de pedofilia.
Em concreto, apontam o seu longo apoio a Maciel, recebido em audiência
em 2004, quando o papa estava já doente, e numa altura em que o padre
mexicano era já acusado de corrupção e de abusos sexuais.
Aquele movimento da Igreja, obediente à autoridade papal e capaz de
encher os seus seminários, impressionara positivamente João Paulo II,
que, marcado pelas campanhas caluniosas dos serviços secretos comunistas
contra a igreja polaca, recusava acreditar nas vozes acusadoras.
O Papa condenou os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja
durante uma visita aos EUA em 2002, mas o seu sucessor, Bento XVI, foi
mais longe e pediu desculpas publicamente, excomungando padres e
apelando a uma política de tolerância zero.
* A igreja tem poder para tudo, proteger pedófilos é um procedimento normal na hierarquia católica.
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