13/04/2014

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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"

Comportamento de manada entre
 os investidores aumenta o risco" 
Tharman Shanmugaratnam, ministro das Finanças de Singapura e presidente do Comité Monetário e Financeiro Internacional do FMI, alertou para o crescimento da volatilidade nos mercados financeiros.


A atual fase de início da retoma económica mundial vai ser marcada por maior volatilidade nos mercados financeiros. 
A razão prende-se com as alterações bruscas nos fluxos de investimento à escala internacional ocorridas como consequência da alteração de fundo na política monetária norte-americana iniciada no ano passado. 


Esse ponto foi referido nos documentos do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgados na semana passada - em particular no Global Financial Stability Report, a que fizemos referência - e, agora, por Tharman Shanmugaratnam, o ministro das Finanças de Singapura que presidiu nos últimos dois dias às discussões no Comité Monetário e Financeiro Internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Há um risco contínuo de volatilidade nos fluxos de capital para as economias de mercado emergentes. Não se trata de um fenómeno de curto prazo, mas de um desafio permanente, refletindo em parte uma mudança na estrutura das finanças globais, quer na dimensão desses fluxos como na sua composição", referiu o ministro na conferência de imprensa, realizada ontem em Washginton DC, e onde resumiu os trabalhos do Comité a que preside. 
A composição dos fluxos de capital internacional tem hoje uma maior parcela de fundos mútuos (de gestão profissional de capitais de diversos investidores destinados à aquisição de títulos de divida) e de fundos designados tecnicamente por ETF (exchange-traded fund) que detêm ações, obrigações e matérias-primas). "Estes fundos refletem muitas vezes os investidores retalhistas, que tendem a ser mais nervosos", sublinha Tharman. Este "nervosismo" implica o aumento de um "comportamento de manada" em que o risco de disrupções aumenta e se torna permanente nos mercados financeiros.
O "comportamento de manada" carateriza-se por reações extremas, de pânico ou de euforia, por parte de um largo grupo de investidores nos mercados financeiros (bolsistas, de dívida, de commodities), e tem sido muito estudado no padrão das bolhas financeiras e das crises subsequentes. 
O "motor" deste risco foi a redução progressiva desde o ano passado, e posterior desativação até outubro próximo, das injeções de estímulos monetários pela Reserva Federal norte-americana (Fed). A que se juntará a partir de meados de 2015 o provável aumento gradual das suas taxas de juro diretoras (atualmente próximo de 0% em termos nominais). A alteração da política da Fed desde o ano passado levou a uma quebra no afluxo de "dinheiro quente" às economias emergentes e em desenvolvimento.
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Outros riscos
Tharman Shanmugaratnam, além do risco de volatilidade, apontou mais quatro desafios que se colocam ao FMI e que foram discutidos nos últimos dois dias nas reuniões do Comité do Fundo no âmbito da reunião da primavera em Washington.   
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Reformas estruturais por concluir   
Os países membros, tanto desenvolvidos como emergentes e em desenvolvimento, têm de proceder, com urgência, a reformas estruturais. "Sentimos a necessidade de um novo equilíbrio nas políticas [dos países membros do FMI] que atenda às necessidades de uma nova fase na retoma mundial. O que isto significa é dar um maior foco no médio prazo, mais do que no curto prazo", disse Tharman. "Isto não significa um abandono rápido das políticas 

macroeconómicas, especialmente das políticas monetárias que apoiam a retoma, mas implica muito mais atenção às reformas estruturais: correção das contas dos sistemas bancários, incluindo a Europa; melhoria do funcionamento dos mercados laborais de modo a reduzir os níveis extraordinariamente altos do desemprego jovem em muitas partes do mundo; e criação de instituições não só nos países emergentes e em desenvolvimento, mas fortalecimento, também, dessas instituições nas economias desenvolvidas".
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 Desalavancagem da economia real por resolver
"Uma outra área de foco foi a estabilidade financeira. Não só preocupação em relação aos riscos do legado da última crise, mas sobretudo em relação aos novos riscos financeiros com o aumento da alavancagem no mundo empresarial em algumas partes do mundo, tanto em economias em desenvolvimento como em algumas economias desenvolvidas", referiu o ministro de Singapura, para logo sublinhar que essa alavancagem não foi "compensada por melhorias no investimento, não foi secundada por mais investimento, mas tratou-se, apenas, de alavancagem, ou seja de mais dívida das empresas em relação aos seus ativos".
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 Riscos geopolíticos
"Estivemos preocupados com a geopolítica. Este aspeto não precisa de muita elaboração. O Fundo tem um papel importante a este respeito, tem de ser rápido a responder, para estabilizar a situação económica, sempre que possível", disse Tharman. Christine Lagarde, a diretora do FMI, sublinharia que o FMI fala de "riscos", no plural, e não apenas do risco geopolítico derivado da crise da Crimeia e da situação na Ucrânia em virtude dos movimentos da Rússia.
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 Bloqueio da reforma do próprio FMI
 "Finalmente, vou ter de enfatizar mais uma vez a importância de concretizar as Reformas do Fundo aprovadas em 2010. Convidámos os Estados Unidos a desempenharem um papel de responsabilidade e temos toda a confiança de que isso acontecerá. Estas reformas para o Fundo não são apenas reformas institucionais, são as reformas que nos permitam ter um mundo melhor e mais seguro", acentuou o ministro de Singapura. 

Sobre o risco que o bloqueio do Congresso norte-americano à reforma interna do FMI gera, Tharman Shanmugaratnam concluiu: "Se por algum motivo o primeiro passo não for dado e as reformas aprovadas em 2010 não forem concluídas, então haverá maior propensão a uma mudança disruptiva. Estaremos mais propensos ao longo do tempo a assistir a um enfraquecimento do multilateralismo e, em compensação, à emergência do regionalismo, do bilateralismo e de outras formas de lidar com os problemas globais, e isso não criará um mundo melhor para todos nós, para os próprios EUA, e para os membros do FMI. Será realmente um mundo menos seguro. 

Deste modo, a melhor maneira de evitar uma mudança disruptiva, ou uma evolução acidental do sistema, é aprovar as reformas de 2010. Achamos que há muita gente nos Estados Unidos, inclusive no Congresso, que acredita que estas mudanças são do seu interesse, e nós acreditamos que isso será feito".

* Esclarecido/a?

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