ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
300 portugueses usados como
escravos na Alemanha nazi
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Uma equipa de historiadores coordenada por Fernando Rosas já identificou, só na fase inicial de uma investigação em curso, cerca de três centenas de portugueses que foram utilizados pelos alemães como trabalhadores forçados durante a Segunda Guerra Mundial
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O grupo de cinco historiadores do Instituto de História Contemporânea
(IHC), da Universidade Nova de Lisboa, já confirmou que, em 1944,
labutavam no sistema de trabalhos forçados da Alemanha nazi pelo menos
281 portugueses (três anos antes eram 163). É uma notícia avançada esta
quinta-feira, na edição impressa da VISÃO
.
Se bem que seja pequeno no universo de 13 milhões de trabalhadores
forçados do III Reich, trata-se de um número impressionante, tendo em
conta que Portugal assumiu um estatuto de neutralidade durante a Segunda
Guerra Mundial e que não inclui cerca de 70 cidadãos portugueses, já
identificados pela mesma equipa, que conheceram os horrores dos campos
de concentração nazis.
Estes últimos serão objeto de estudo numa fase posterior da
investigação levada a cabo por António Muñoz Sánchez (espanhol), Ansgar
Schäfer (alemão) e os portugueses António de Carvalho, Cláudia Ninhos, e
Paula Borges Santos.
Para já, o objetivo é responder a perguntas como de onde vieram,
qual foi o destino dessas pessoas e porque razões caíram nas malhas do
sistema de trabalhos forçados do nacional-socialismo.
Os casos de Tomás Guerreiro, operário de Loulé, e do pintor de
construção civil António Pinto, natural de Rio Tinto, são bem
ilustrativos (nas imagens das fichas).
Estavam em França, possivelmente
em Staint-Denis (arredores de Paris). Recrutados em 1940, depois de as
tropas alemães terem ocupado esse país, seriam enviados para Wesseling,
arredores de Colónia, onde trabalham numa refinaria na qual os alemães
transformavam carvão mineral em gasolina. Inicialmente, os trabalhadores
angariados na Europa Ocidental, gozaram de alguma liberdade de
movimentos e tinham até direito a alguns dias de férias, que Tomás
Guerreiro aproveitou, em julho de 1942, para não regressar a Wesseling.
Segundo Fernando Rosas, os primeiros contingentes de trabalhadores
portugueses terão partido de França e, eventualmente, da Bélgica. Foram
inicialmente recrutados "voluntariamente" ao abrigo de acordos entre os
nazis e as autoridades francesas que se obrigaram a fornecer mão-de-obra
para o esforço de guerra germânico. Nessa altura viveriam em França
aproximadamente 40 mil portugueses.
A investigação decorrerá previsivelmente até abril do próximo ano e
a equipa de historiadores deixa o apelo a quem possa prestar
informações sobre familiares ou conhecidos que tenham passado pelo
sistema de trabalhos forçados nazis para entrarem em contacto com o IHC
.
* E o "Antoninho" não mexeu uma palha por esta gente.
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