HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"É imprescindível reestruturar
a dívida para crescer"
Manifesto a favor da reestruturação da dívida, a que o Diário Económico teve acesso, defende juros mais baixos e mais tempo para pagar o remanescente da dívida acima do limiar de 60% do PIB.
O documento assinado por 70 personalidades de esquerda e direita em
Portugal, noticiado hoje pelo Público, defende que "nenhuma estratégia
de combate à crise poderá ter êxito se não conciliar a resposta à
questão da dívida" com um "robusto processo de crescimento económico e
de emprego
num quadro de coesão e de efectiva solidariedade nacional". E sublinha
que a reestruturação da dívida "é condição 'sine qua non' para o alcance
desses objectivos".
O manifesto, subscrito por personalidades como Ferreira Leite, Bagão
Félix, Francisco Louçã ou António Saraiva, nota que "a actual dívida é
insustentável na ausência de robusto e sustentado crescimento". O
problema é que Portugal está num ciclo vicioso, porque o rácio de
endividamento estrangula a capacidade do país e mantém o Estado
"enredado e tolhido na vã tentativa de resolver os problemas do défice
orçamental e da dívida pública pela única via da austeridade".
"Deixemo-nos de inconsequentes optimismos: sem a reestruturação da
dívida pública não será possível libertar e canalizar recursos
minimamente suficientes a favor do crescimento", afirmam os 70
subscritores do manifesto.
O documento, que sublinha a necessidade de Portugal continuar a
"cumprir as boas práticas de rigor orçamental", defende que o País "não é
caso único" na necessidade de renegociar a dívida. E acrescenta que
deve fazê-lo aproveitando a janela de oportunidade após as eleições europeias.
"Após a entrada em funções da nova Comissão Europeia, deverá estar na
agenda europeia o início de negociações de um acordo de amortização de
dívida pública excessiva", pode ler-se no manifesto, que sublinha que
"esse processo já foi iniciado" e que Bruxelas até já mandatou um grupo
de peritos para analisar "a criação de um fundo europeu de amortização
de dívida".
Os subscritores defendem, nomeadamente: uma baixa de juros
significativa da dívida, assente no facto de "mais de metade da subida
da dívida pública nos últimos anos ter sido devida ao efeito de juros"; e
uma extensão dos prazos de pagamento, lembrando que a Alemanha
beneficiou de algo semelhante após a Segunda Guerra Mundial. "Portugal
não espera os perdões de dívida e a extraordinária cornucópia de
benesses concedidas à Alemanha, mas os actuais líderes europeus devem
ter presente a sua razão de ser: o interesse comum", frisam.
Por fim, afirmam que a renegociação deve incidir "pelo menos" na
dívida acima de 60% do PIB, que é o critério estabelecido pelo acordo de
Maastricht. E, "nestes termos, a própria Alemanha poderia beneficiar
deste novo mecanismo institucional", concluem.
* Mas o governo sabichão do Coelhão já criticou este manifesto.
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