ESTA SEMANA NA
" SEMANA INFORMÁTICA"
Voz e identificação por luz
substituem papel nos armazéns
A maioria das empresas que implementaram sistemas de gestão de
armazéns continua a recorrer a sistemas tradicionais de identificação de
produtos, com processos baseados na cultura do papel e no tratamento
manual, mas esta é uma lógica que está a mudar.
A consciência dos custos associados
aos vários processos que envolvem a logística, como o armazenagem e a
distribuição, é maior junto dos operadores logísticos, por isso, «cada
vez mais empresas estão a optar por automatizar estes processos,
recorrendo às tecnologias de informação, nomeadamente ao RFID, embora
ainda com custos poucos atractivos», diz Maria João Governo, gestora de Soluções de Mobilidade da Sinfic.
A identificação por radiofrequência fica muitas vezes associada a
produtos de maior valor e de grande necessidade de rastreabilidade,
sendo usada em circuitos fechados para reaproveitar as tags, mas há outras alternativas que ajudam à identificação e automatização de movimento de materiais.
A utilização de dispositivos móveis para introdução de encomendas e
reconhecimento de entregas, a robotização dos armazéns e novas
tecnologias de picking, que tornam mais eficiente a selecção
dos produtos, estão já a ser usados por muitas empresas de sectores em
que a logística assume um papel fundamental.
O recurso à voz – voice picking – é destacado por Marco Fernandes, PT business manager da Megatrónica.
«É uma tecnologia que revoluciona a separação de materiais. Com esta
tecnologia é possível realizar toda a operação de separação por comandos
de voz, eliminando papéis, tabelas, etc.», sublinha o gestor da
empresa. Os operadores usam um auricular e um microfone e as ordens de
recolha são feitas por comunicação de voz, libertando as mãos para o
manuseamento dos produtos e conseguindo ganhos de eficiência que podem
chegar aos 20% a 30%.
Estas soluções são mais frequentes em empresas que necessitam de
separação de encomendas unitárias ou à caixa, com a consequente redução
da taxa de erro, sendo crescente o recurso ao pick to light, com sistemas de identificação por luz em dispositivos colocados nas prateleiras dos armazéns.
Rui Pacheco, director da área de serviços aplicacionais da HP Portugal,adianta ainda que a mais longo prazo não são de desprezar os avanços que o picking visual (viso-picking)
poderá produzir, podendo validar produtos ou localizá-los com um
simples olhar e uma câmara que identifique o código de barras.
Fernando Lopes, consultor sénior da ROFF,
junta a estas tecnologias o recurso a sistemas de GPS que facilitam a
geolocalização das mercadorias mesmo dentro do armazém, permitindo
definir as melhores rotas para optimizar o picking e a gestão pormenorizada dos veículos de transporte no processo de entrega ao cliente.
A Centralgest está também a usar uma solução que recorre a terminais Android
que se instalam nos equipamentos de movimentação. «Estes são ligados ao
sistema de gestão central e permitem agilizar os processos de separação
dos bens», explica Patrícia Machado, comercial manager da empresa.
Além das tecnologias ligadas de forma directa ao processo de
armazenamento, separação e entrega, outras ferramentas têm assumido um
papel mais relevante para a gestão eficiente dos armazéns, nomeadamente a
elaboração de relatórios rigorosos utilizando sistema de business intelligence dedicados.
«Há alguns anos os relatórios foram enriquecidos pelos contributos do business intelligence,
permitindo responder às diferentes necessidades de visibilidade dos
agentes da empresa, conforme o seu nível hierárquico», sublinha Rui Nogueira.
O gestor da unidade de negócios de Mid Market da Sage Portugal
lembra que estas ferramentas de monitorização são indispensáveis para
analisar e medir os dados principais da empresa: desempenho comercial,
por cliente ou produto e análise de custos de fabrico. «Ao permitirem o
acesso à informação apropriada, no momento adequado, é a sua eficiência
que está em jogo», acrescenta.
* Admiramo-nos que se fale mais em eficiência do que em eficácia, quanto à tecnologia venha ela.
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