09/02/2014

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ESTA SEMANA NA
" SEMANA INFORMÁTICA"

Voz e identificação por luz
 substituem papel nos armazéns

A maioria das empresas que implementaram sistemas de gestão de armazéns continua a recorrer a sistemas tradicionais de identificação de produtos, com processos baseados na cultura do papel e no tratamento manual, mas esta é uma lógica que está a mudar.

A consciência dos custos associados aos vários processos que envolvem a logística, como o armazenagem e a distribuição, é maior junto dos operadores logísticos, por isso, «cada vez mais empresas estão a optar por automatizar estes processos, recorrendo às tecnologias de informação, nomeadamente ao RFID, embora ainda com custos poucos atractivos», diz Maria João Governo, gestora de Soluções de Mobilidade da Sinfic.

A identificação por radiofrequência fica muitas vezes associada a produtos de maior valor e de grande necessidade de rastreabilidade, sendo usada em circuitos fechados para reaproveitar as tags, mas há outras alternativas que ajudam à identificação e automatização de movimento de materiais.

A utilização de dispositivos móveis para introdução de encomendas e reconhecimento de entregas, a robotização dos armazéns e novas tecnologias de picking, que tornam mais eficiente a selecção dos produtos, estão já a ser usados por muitas empresas de sectores em que a logística assume um papel fundamental.

O recurso à voz – voice picking – é destacado por Marco Fernandes, PT business manager da Megatrónica. «É uma tecnologia que revoluciona a separação de materiais. Com esta tecnologia é possível realizar toda a operação de separação por comandos de voz, eliminando papéis, tabelas, etc.», sublinha o gestor da empresa. Os operadores usam um auricular e um microfone e as ordens de recolha são feitas por comunicação de voz, libertando as mãos para o manuseamento dos produtos e conseguindo ganhos de eficiência que podem chegar aos 20% a 30%.

Estas soluções são mais frequentes em empresas que necessitam de separação de encomendas unitárias ou à caixa, com a consequente redução da taxa de erro, sendo crescente o recurso ao pick to light, com sistemas de identificação por luz em dispositivos colocados nas prateleiras dos armazéns.

Rui Pacheco, director da área de serviços aplicacionais da HP Portugal,adianta ainda que a mais longo prazo não são de desprezar os avanços que o picking visual (viso-picking) poderá produzir, podendo validar produtos ou localizá-los com um simples olhar e uma câmara que identifique o código de barras.

Fernando Lopes, consultor sénior da ROFF, junta a estas tecnologias o recurso a sistemas de GPS que facilitam a geolocalização das mercadorias mesmo dentro do armazém, permitindo definir as melhores rotas para optimizar o picking e a gestão pormenorizada dos veículos de transporte no processo de entrega ao cliente.

A Centralgest está também a usar uma solução que recorre a terminais Android que se instalam nos equipamentos de movimentação. «Estes são ligados ao sistema de gestão central e permitem agilizar os processos de separação dos bens», explica Patrícia Machado, comercial manager da empresa.

Além das tecnologias ligadas de forma directa ao processo de armazenamento, separação e entrega, outras ferramentas têm assumido um papel mais relevante para a gestão eficiente dos armazéns, nomeadamente a elaboração de relatórios rigorosos utilizando sistema de business intelligence dedicados.

«Há alguns anos os relatórios foram enriquecidos pelos contributos do business intelligence, permitindo responder às diferentes necessidades de visibilidade dos agentes da empresa, conforme o seu nível hierárquico», sublinha Rui Nogueira.

O gestor da unidade de negócios de Mid Market da Sage Portugal lembra que estas ferramentas de monitorização são indispensáveis para analisar e medir os dados principais da empresa: desempenho comercial, por cliente ou produto e análise de custos de fabrico. «Ao permitirem o acesso à informação apropriada, no momento adequado, é a sua eficiência que está em jogo», acrescenta.

* Admiramo-nos que se fale mais em eficiência do que em eficácia, quanto à tecnologia venha ela.

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