HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Portugal privilegia religião e
discrimina ateus e livres-pensadores
Portugal privilegia a religião e discrimina, através da sua
exclusão, os ateístas, os humanistas e os livres-pensadores, conclui um
relatório internacional que analisa os direitos dos grupos não
religiosos em 198 países.
No relatório "Liberdade de Pensamento 2013: Relatório Global sobre
Direitos, Estatuto Legal e Discriminação Contra Humanistas, Ateístas e
Não Religiosos", Portugal é classificado como um país de "discriminação
sistémica" em relação a estes grupos.
A classificação portuguesa é a terceira mais grave de uma lista de
cinco categorias: país "livre e igualitário", "maioritariamente
satisfatório", "com discriminação sistémica" "com discriminação severa" e
"com violação grave".
O estudo, da União Internacional Ética e Humanista (IHEU, na sigla em
inglês), sedeada em Londres, refere que a Constituição e outras leis
portuguesas protegem a liberdade de pensamento, consciência e religião,
bem como a liberdade de expressão e reunião, e que estes direitos são
"geralmente respeitados".
No entanto, assinala que o governo mantém um acordo com a Igreja
Católica (Concordata) e acordos com outros grupos religiosos que lhes
permitem, além de cobrar dízimos, receber uma percentagem dos impostos
através da consignação voluntária de parte do reembolso do Imposto Sobre
Rendimentos (IRS) para diversas instituições.
"Os contribuintes podem destinar uma parte dos seus impostos anuais
para qualquer grupo religioso registado. A lei permite a cada grupo
religioso negociar o seu próprio género de acordo com o Governo. Este
sistema não é extensível aos humanistas, secularistas ou a outros grupos
filosóficos", sublinha o texto.
O relatório refere ainda que as escolas têm cursos de religião
lecionados por professores leigos e que cada grupo religioso pode
oferecer cursos opcionais desde que 10 ou mais alunos frequentem essa
aula.
"Às escolas públicas e privadas é pedido que acolham as práticas
religiosas dos estudantes, procedendo por exemplo à remarcação de exames
se necessário", refere o relatório, que considera não ser claro se esta
prática também se aplica às práticas dos grupos seculares (principio da
separação entre estado e religião) ou não religiosos.
Por tudo isto, conclui o relatório, existe uma "proeminência
discriminatória das organizações, tradições e líderes religiosos", "um
sistema que privilegia a religião" e "taxas e dízimos que discriminam,
através da exclusão, os grupos não religiosos".
Em termos globais o estudo conclui que os ateístas (que não acreditam
em nenhum deus) e os humanistas (que defendem uma moralidade centrada
no bem estar humano) e outros grupos não religiosos são uma população em
crescimento.
Em 2012, as pessoas com religião representavam 59 por cento da
população mundial, enquanto 13 por cento se identificavam como ateístas e
outros 23 por cento como "não religiosos".
Entre 2005 e 2012, a população sem religião cresceu 3 por cento,
enquanto os religiosos caíram 9 por cento, uma tendência que deverá
continuar, segundo o estudo.
O relatório conclui que existe uma grande maioria de países que não
respeitam os direitos dos ateístas e livre pensadores, em alguns países é
ilegal ser ateu, e em 19 países a apostasia (afastamento da religião) e
a blasfémia são punidas, em 12 dos quais com pena de morte.
Em 13 países, incluindo o Afeganistão, Irão, Malásia, Mauritânia,
Arábia Saudita, Somália, Sudão, Emirados Árabes Unidos ou o Iémen,
expressar ideias ateístas pode levar a uma condenação à pena de morte.
Fundada em Amesterdão, Holanda, a União Internacional Ética e
Humanista reúne 120 organizações de humanistas, ateístas, secularistas e
de livres-pensadores em mais de 40 países e tem como objetivo a
construção de um "mundo globalmente humanista onde os direitos humanos
sejam respeitados e todos possam viver com dignidade".
* O conluio entre políticos, clero e banca é fantástico, e, os portugueses, aceitam este baile mandado.
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