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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Abandono de crianças
em casa é "injustificável"
O presidente da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em
Risco classificou hoje de "lamentáveis" e "injustificáveis" os casos de
crianças deixadas sozinhas em casa, como o que aconteceu na madrugada de
sábado no Porto.
Um
menino de três anos foi retirado de casa na madrugada de sábado pela
PSP, onde se encontrava sozinho, e internado numa instituição da
Segurança Social.
"São casos lamentáveis e injustificáveis, sejam
quais forem a situação das famílias", porque há instituições que podem
auxiliar nestas situações, disse à agência Lusa o presidente da Comissão
Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR).
Ressalvando
que não conhece as circunstâncias deste caso, Armando Leandro afirmou
que uma criança "nunca pode ser deixada neste estado de abandono" e, por
isso, o Estado e a sociedade têm de intervir nestas situações.
Para
o presidente da CNPCJR, "a polícia atuou muito bem" ao retirar a
criança de casa, após denúncias dos vizinhos a dizerem que o menino, que
faz quatro anos em janeiro, teria sido deixado sozinho num apartamento
na Praça da Corujeira, em Campanhã.
"É bom que as pessoas compreendam que isto é injustificável e que os direitos das crianças têm de ser respeitados", sublinhou.
Armando
Leandro frisou que, "quando há dificuldades, as famílias devem recorrer
às instituições públicas e particulares, que têm a obrigação de dar
resposta a situações deste género".
O menino foi entregue aos
cuidados de uma instituição da Segurança Social, disse a PSP que não
conseguiu contactar a mãe ou qualquer outro familiar da criança.
"Conforme
previsto na lei de proteção de crianças e jovens em perigo retirámos a
criança e colocámo-la numa instituição", disse uma fonte policial.
Armando Leandro explicou à Lusa que o tribunal terá de "resolver de urgência" esta situação.
Tem
de estudar o caso de "forma rápida" para garantir o afastamento da
criança de uma situação de perigo e "a superação das consequências desta
situação".
Questionado sobre se a situação de crise pode
potenciar estes casos, Armando Leandro afirmou que "em princípio" pode,
"mas nada o justifica".
"As dificuldades não podem justificar que uma criança fique sozinha em casa", sustentou.
Armando Leandro reiterou que as famílias, a sociedade, as instituições
públicas e particulares têm de interiorizar que "estas situações são
inadmissíveis e têm de estar preparadas" para as prevenir.
Perto
de 7.000 crianças e jovens em risco foram sinalizadas em 2012 pelos
serviços de saúde, um aumento de 25% face a 2011 e de quase 100% face a
2010, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
Segundo o documento
elaborado pela Comissão de Acompanhamento da "Ação de Saúde para
Crianças e Jovens em Risco", o principal tipo de mau trato sinalizado
foi a "negligência" (67%), em linha com o verificado em anos anteriores.
Entre
2008 e 2012 o número de sinalizações registou uma tendência de
crescimento, num total de 24.169 casos, com um valor médio anual de
4.847 casos.
Esta tendência de crescimento poderá evidenciar um
efetivo aumento de maus tratos a crianças e jovens, a que "não será
alheio o contexto de crise global", mas também uma maior capacidade de
deteção destas situações pelos serviços de saúde e o desenvolvimento de
"formas mais concertadas de cooperação e intervenção".
* Uma tragédia, quem é capaz de abandonar uma criança do que é que não é capaz?
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