19/11/2013

EMA PAULINO

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Natal é quando 
a Popota quiser

Já não podemos dar nada como garantido. Nem mesmo que o Natal se comemora a 25 de dezembro. No passado dia 1 de novembro, o presidente venezuelano Nicolás Maduro decretou a chegada do Natal, alegando que a sua antecipação era a melhor vacina para qualquer coisa que queiram inventar, nomeadamente tumultos e violência. Em Portugal, o Natal também já chegou. E quem tiver dúvidas, pode dirigir-se ao centro comercial mais próximo.

Antecipar estados de graça é útil para adormecer os sentidos. Para nos fazer esquecer as agruras da vida e focarmo-nos no que julgamos ainda ter de positivo. Mas não faz desaparecer os problemas. Aliás, a situação financeira que o País atravessa comprova isso mesmo. Porventura, ao longo dos últimos anos, tivemos demasiado Natal.

Sabemos que os problemas do País não se resolvem com pensos rápidos, e muito menos por se adiarem soluções. São necessárias reformas profundas e uma contenção à qual poucos de nós estávamos habituados. E, não nos podemos dar ao luxo de desfocar a nossa atenção. Aliás, porque a utilização de manobras de diversão há muito que é comum em cenários de guerra, mas tem-se tornado ainda mais frequente no desvio da atenção da opinião pública sobre assuntos que ( a alguém) não interessa debater. Todos utilizamos esta estratégia, e quando dirigida a nós, habitualmente mordemos o isco. E pior, mobilizamos meios para lidar com ela.

O atual governo, como tantos outros antes dele, tem sido vítima, mas também a tem aproveitado. E, nesta confusão, todos perdemos a noção do que é essencial.

A falta de medicamentos nas farmácias continua a ser um problema que afecta não só o seu funcionamento diário, mas principalmente a saúde da população. Não vão haver mais vacinas para a gripe nas farmácias. O número de falências e penhoras no sector continua a aumentar, chegando agora a mais de 361 farmácias. Em certas regiões, continua a persistir um problema crónico relacionado com a falta de médicos de família, como ilustrado pelo movimento dos cidadãos de Salvaterra de Magos. Há profissionais de saúde acusados de desviar utentes do sector público para o privado. Há uma alegada falta de enfermeiros nas unidades de saúde. É a situação atual do nosso país... onde o Natal chegou mais cedo.

Entretanto, o Ministério da Saúde implementou legislação para monitorizar uma lista de medicamentos limitada, após várias diligências no terreno. Iniciou uma investigação sobre as causas da falta de vacinas nas farmácias. Abriu concursos públicos para a abertura de 14 novas farmácias. Implementou sistemas de controlo da entrada e permanência dos profissionais nas unidades de saúde.

São pensos rápidos. Quando sabemos que o Ministério também tem uma linha estratégica para a Saúde. O reforço dos cuidados primários, a reestruturação da rede hospitalar, a valorização da cadeia do medicamento, o aumento da eficiência através da disseminação de sistemas electrónicos de partilha e transmissão de dados, com subsequente eliminação do desperdício... O diagnóstico está feito e grande parte das intervenções estão identificadas. Aliás, temos tido notáveis grupos de trabalho a deliberar sobre estas matérias.

Ora os pensos rápidos não podem desviar os recursos necessários para a implementação do essencial. Ou pior ainda, servirem para pensarmos – Governo, profissionais, cidadãos – que já não precisamos de soluções permanentes. 

O Natal pode até ter começado cedo, mas não vai durar para sempre...


Farmacêutica

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14/11/13

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