HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Portugueses pagos a 2,06 euros
à hora na Bélgica
O Governo belga aprovou, esta quinta-feira, um plano de ação contra a
utilização abusiva do mecanismo europeu de destacamento de trabalhadores
estrangeiros, tendo o primeiro-ministro dado como exemplo "totalmente
inaceitável" portugueses pagos a 2,06 euros à hora.
"Na semana passada, um empregador foi alvo de um
processo verbal, já que fazia trabalhar 60 não belgas, no caso
portugueses, por um salário de 2,06 euros à hora. Isso é totalmente,
totalmente, totalmente inaceitável", comentou o primeiro-ministro belga,
Elio Di Rupo, citado pela agência AFP, por ocasião da apresentação do
plano de ação contra o "dumping social".
Em causa está o que as autoridades belgas classificam como um uso
abusivo da disposição europeia que prevê a possibilidade de uma empresa
da União Europeia enviar assalariados ou mesmo trabalhadores
independentes, em regime de destacamento, para outro país do espaço
comunitário, ao abrigo da livre circulação, desde que respeitando
algumas regras essenciais, como o salário mínimo praticado no país de
destacamento.
Di Rupo assegurou, esta quinta-feira, que a Bélgica não coloca
minimamente em causa a livre circulação, reconhecendo as "numerosas
vantagens" deste princípio, mas indicou que o Governo vai combater os
abusos - a maior parte dos quais no setor da construção civil, mas
também, por exemplo, da limpeza e transporte rodoviário -, pois,
sustentou, este "dumping social" - com a prática de salários extremamente baixos, muito abaixo do salário mínimo belga - ameaça a atividade das empresas belgas.
Apesar de a Bélgica apoiar uma ação ao nível europeu - a abordagem que,
de resto, é defendida pela Comissão Europeia -, o Governo indicou que
não vai esperar mais tempo por uma iniciativa europeia, pois tem de
proteger a sua economia, razão pela qual adotou um plano de ação que
prevê, entre outras medidas, um reforço dos controlos no terreno por
inspetores especializados e multas mais pesadas.
Contactado pela Lusa, um responsável dos serviços consulares da
embaixada de Portugal na Bélgica indicou que muitos destes trabalhadores
portugueses destacados não se registam sequer junto da embaixada - dado
tal não ser obrigatório e por estarem destacados apenas temporariamente
-, nem tão pouco têm chegado queixas junto ao serviço, que,
formalmente, desconhece por isso as suas condições de trabalho.
* Abriram os olhos, só agora???? Tem sido práctica corrente este tipo de esclavagismo em vários países da UE, respeitadores dos direitos humanos.
O que terá levado estes iluminados a acordarem para este problema que já é francamente denunciado na comunicação social há mais de cinco anos?
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