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Centro de Apoio ao Endividado
pede formação para juízes
em casos de insolvência
A advogada Filomena Villas Raposo lamentou "o conjunto de erros que vários tribunais" do país têm vindo a cometer nos planos de pagamento, regulados em sede de Insolvência
O Centro de Apoio ao Endividado (CAE) solicitou ao Conselho Superior
de Magistratura formação específica para juízes em casos de insolvência e
planos de pagamentos, alegando que têm vindo a ser cometidos em vários
tribunais.
Numa carta dirigida ao presidente do Conselho Superior
da Magistratura, a que a Lusa teve acesso, a advogada Filomena Villas
Raposo do CAE lamentou "o conjunto de erros que vários tribunais" do
país têm vindo a cometer nos planos de pagamento, regulados em sede de
Insolvência, no Código da Insolvência e Recuperação de Empresas.
"Numa
altura em que as famílias, por causa dos cortes impostos pela 'troika',
recorrem cada vez mais aos planos de pagamento", para conseguirem
"estabilidade financeira mínima", mas os tribunais têm mostrado "grande
insensibilidade e enorme desconhecimento da tramitação destes processos e
sobretudo das consequências nefastas da referida impreparação", referiu
a advogada na missiva.
Na carta, a advogada dá exemplos de alguns casos nos quais considera terem sido cometidos erros.
Em
declarações à Lusa, a advogada disse ser urgente que "a magistratura
judicial demonstre uma outra sensibilidade" nestes casos.
É
necessário "uma sensibilidade adequada à observância dos trâmites legais
gizados pelo legislador para que, sendo cumprida a tramitação legal,
possamos obter o êxito necessário desses planos", adiantou.
Filomena Villas Raposto salientou o "impacto muitíssimo grande" das decisões dos tribunais na vida destas pessoas.
Ao
contrário da perda de uma ação laboral ou de uma ação cível, nestes
casos, "o erro ou qualquer questão que não corra bem, obriga à
decretação da insolvência e abrange não apenas uma pessoa, mas famílias
inteiras, que inclusive até à entrada da ação em tribunal estavam a
cumprir rigorosa e religiosamente os seus compromissos", sustentou.
Segundo
a advogada, esta era uma área desconhecida do mundo judiciário e os
tribunais praticamente não tinham insolvências pessoais.
Com a
atual conjuntura económica, os tribunais estão a abarrotar com estas
ações, que a nível de pessoas singulares caem nos tribunais comuns e
perturbam o andamento dos processos.
"Na maioria dos casos que conheço existe acordo entre os devedores e os credores e isso é que é o importante", sublinhou.
Mas,
acrescentou, "quando por razões adjacentes de direito objetivo, por
questões de formalismo legal, o processo é mandado para a insolvência
gora-se tudo, não só o efeito imediato e dramático na vida das pessoas,
que vão a tribunal apresentar e requerer a solução para o seu caso, como
depois também para os credores".
O CAE reúne advogados e economistas especializados no apoio a pessoas endividadas.
Nos
primeiros oito meses do ano, analisou 227 casos de endividamento em
todo o país, sendo a Madeira e Lisboa as regiões com mais casos.
Quanto
ao volume de crédito do total de casos que pediram apoio, 44,9%
pertencem a pessoas com empréstimos até 50 mil euros, 18,9% têm créditos
entre os 50 mil e os 100 mil euros e 21,6% têm empréstimos de 100 mil a
150 mil euros.
* Justiça lenta, juízes sem preparação, estamos num estado de Direita.
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