HOJE NO
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Porta 65 e novas escrituras
paralisadas por atrasos do fisco
O
programa Porta 65, que apoia as rendas jovens, adiou mais uma vez a
recepção das candidaturas que deveriam ter ter entrado no site em
Setembro porque as Finanças ainda não actualizaram o cadastro predial em
função do novo reordenamento das freguesias.
Num novo
esclarecimento publicado no site do Instituto de Habitação e
Reabilitação Urbana, o organismo adianta que "não tendo sido possível
ultrapassar os constrangimentos que motivaram a suspensão do período de
candidaturas de Setembro, prevê-se que a sua reabertura possa ocorrer às
10:00 (hora continente), do próximo dia 14 de Outubro (segunda-feira)".
Esta
é a segunda vez que a entrega de candidaturas ao Porta 65 foi adiada, o
mesmo acontecendo com todas as escrituras públicas que envolvem imóveis
cadastrados em freguesias extintas.
A Administração Tributária
não cumpriu assim o prazo inicialmente fixado para a migração dos
prédios para as novas freguesias, que era 8 de Outubro, num processo que
a Direcção de Serviços do Imposto Municipal sobre Imóveis considerou
relativamente simples e automático. Ao todo, estão em causa cerca de 8
milhões de prédios urbanos e rústicos que agora ficaram sem cadastro.
Segundo
aquele organismo do Estado, a fusão das freguesias vai modificar as
identificações dos prédios nas matrizes e em simultâneo alterar o número
dos artigos matriciais porque estes são sequenciais e a migração de um
prédio para uma nova freguesia vai criar um novo número de artigo
matricial.
A mudança, ainda segundo aquele organismo responsável
pelo IMT, obrigará os contribuintes a pedirem uma nova caderneta se lhes
for pedido o número matricial dos seus imóveis, como no caso do
preenchimento da declaração de IRS e nos casos em que é pedida a
respectiva identificação por haver encargos sobre o património
imobiliário.
Só que até agora quem tenha solicitado uma segunda
via da caderneta predial depara-se com uma informação idêntica à
anterior, onde apenas é acrescida a nota de que a freguesia onde o
imóvel estava registado foi extinta.
A Direcção do IMT prometia
ainda que sempre que uma caderneta fosse solicitada, e se a actualização
ainda não tivesse sido feita, o sistema informático desencadearia
automaticamente a migração para a nova freguesia, o que obviamente não
está a acontecer.
As Finanças continuam a não dar qualquer
esclarecimento sobre o assunto, pese o facto de estar a ter um enorme
impacto nas transacções de imóveis e a prejudicar milhares de jovens que
estão a ser obrigados a suportar rendas altas pela ineficiência da
administração pública.
O Instituto dos Registos e do Notariado já
tinha alertado para a complexidade do processo, chamando a atenção que o
próprio sistema informático SIRP terá de ser adaptado à nova realidade e
que é elevado o universo de novas freguesias criadas e ainda maior o
número de freguesias agregadas.
Prédios de 43 freguesias impedidos de ser escriturados
Só
em Lisboa a reforma administrativa criou 13 novas freguesias que
resultaram da agregação de 43 das antigas 53. Foi já ao abrigo do novo
quadro administrativo local que se realizaram as eleições autárquicas de
Setembro. A nova freguesia do Parque das Nações transitou da capital
para Loures, mantendo as 10 juntas.
As novas freguesias passaram a
gerir os equipamentos sociais, culturais e desportivos, como as escolas
do 1.º ciclo e pré-escolar, creches, centros de apoio à terceira idade,
feiras e mercados. E ficaram igualmente responsáveis pelos espaços
verdes, sinalização, mobiliário urbano e limpeza das vias e sarjetas,
bem como a concessão de licenças de utilização de via pública e venda
ambulante.
A atribuição das novas competências foi acompanhada do
reforço de meios humanos e financeiros, passando as 13 novas freguesias a
receber um total de cerca de 68 milhões de euros, enquanto as 53
anteriores contavam com cerca de 23 milhões.
* Esta atitude do Estado chama-se abuso de confiança, porque ludribia a expectativa do cidadão, os abusos do Estado são quotidianos. O Estado tem sempre desculpa para os seus incumprimentos, o cidadão paga forte e feio.
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