HOJE NO
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ICOM.
Construção do Museu dos Coches
"foi erro colossal" de política cultural
A obra foi finalizada no ano passado, mas carece ainda da abertura de concursos públicos para o projeto museológico e de uma passagem superior que ligue o edifício à zona ribeirinha
- O presidente da direção da comissão
nacional do Conselho Internacional de Museus (ICOM), Luís Raposo,
considerou hoje que a construção do novo Museu Nacional dos Coches, em
Belém, "foi um erro colossal de política cultural".
Contactado
pela agência Lusa sobre o adiamento da inauguração do novo equipamento
museológico, para 2015, Luís Raposo recordou que o ICOM "advertiu desde o
início para os custos incomportáveis" da obra.
Na
edição do último fim de semana, o semanário Expresso noticiou que a
inauguração do museu foi marcada para maio de 2015, data que marca os
110 anos da abertura da entidade no antigo Picadeiro Real do Palácio de
Belém.
A obra foi finalizada no ano
passado, mas carece ainda da abertura de concursos públicos para o
projeto museológico e de uma passagem superior que ligue o edifício à
zona ribeirinha.
Em março deste ano, o
secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, tinha declarado
publicamente no Centro Cultural de Belém, que a abertura do novo Museu
dos Coches estava prevista para a segunda metade de 2014.
Contactado
pela Lusa, o gabinete de imprensa indicou: "Aponta-se o ano de 2015
como o ano de abertura do Novo Museu dos Coches", mas não confirmou o
mês de maio para a inauguração.
Adjudicado
durante o Governo de José Sócrates, e finalizado no ano passado,
destinava-se à execução das contrapartidas do Casino Lisboa, num
investimento de 35 milhões de euros.
"A
opção de construir este museu foi um erro colossal de política
cultural", considerou o presidente do ICOM Portugal, defendendo que
poderia ter sido construído um espaço museológico com menor dimensão, e
menos custos de manutenção.
"Desde o
início que advertimos para os custos de construção descomunais, e a não
prioridade da construção deste museu que agora irá constituir um grande
encargo financeiro para o Estado", opinou.
O
ICOM receia ainda que os custos de manutenção do museu - 3,5 milhões de
euros por ano segundo as estimativas da Secretaria de Estado da Cultura
(SEC) - venham a retirar verbas para os museus e monumentos do país.
Luís
Raposo disse ainda que a expectativa de visitantes que esteve na origem
do projeto - de um milhão de visitantes - "é demasiado alta e
irrealista", embora se encontre entre os museus mais visitados do país,
com cerca de 200 mil entradas por ano.
"Compreendemos
que o secretário de Estado da Cultura afirme que não é uma prioridade e
que são despesas incomportáveis. Por outro lado, não concordamos que a
área da cultura, por aquilo que foi anunciado, continue a ter um
orçamento tão baixo", disse o responsável.
De
acordo com o Orçamento do Estado para 2014 divulgado pelo Governo, na
semana passada, a verba inscrita na área da cultura ascende a 198,8
milhões de euros e a Direção-Geral do Património deverá receber
38.545.876 euros.
"Por aquilo que
veio a público até agora, a área dos museus e dos monumentos é aquela
que terá maior quebra quer em termos absolutos quer relativos, e isso
deixa-nos muito preocupados", disse Luís Raposo, alertando que se este
setor "já vive numa situação dramática".
A
Lusa pediu mais esclarecimentos à SEC sobre o Orçamento do Estado de
2014 para o setor, e recebeu esta resposta: "O secretário de Estado da
Cultura, atendendo à complexidade do documento orçamental, considera que
o momento oportuno para explicar o Orçamento e o plano para o ano de
2014 na área da Cultura, é a audição parlamentar na Comissão de
Orçamento, Finanças e Administração Pública na Assembleia da República.
A audição no parlamento foi marcada para dia 07 de novembro.
* Portugal dos tesos cheios de ideias e obras megalómanas. Três auto-estradas paralelas na zona de Aveiro com menos de 20 km de intervalo, TGV, Aeroporto de Lisboa e agora o novo museu dos coches a título de compensação do cambalacho Casino Lisboa.
Os políticos favorecem os amigos construtores, "aluvam-se" e o povo paga, percebe-se porque o défice está sempre a crescer.
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