21/10/2013

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HOJE NO
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ICOM. 
Construção do Museu dos Coches 
"foi erro colossal" de política cultural

A obra foi finalizada no ano passado, mas carece ainda da abertura de concursos públicos para o projeto museológico e de uma passagem superior que ligue o edifício à zona ribeirinha

- O presidente da direção da comissão nacional do Conselho Internacional de Museus (ICOM), Luís Raposo, considerou hoje que a construção do novo Museu Nacional dos Coches, em Belém, "foi um erro colossal de política cultural".

Contactado pela agência Lusa sobre o adiamento da inauguração do novo equipamento museológico, para 2015, Luís Raposo recordou que o ICOM "advertiu desde o início para os custos incomportáveis" da obra.
Na edição do último fim de semana, o semanário Expresso noticiou que a inauguração do museu foi marcada para maio de 2015, data que marca os 110 anos da abertura da entidade no antigo Picadeiro Real do Palácio de Belém.
A obra foi finalizada no ano passado, mas carece ainda da abertura de concursos públicos para o projeto museológico e de uma passagem superior que ligue o edifício à zona ribeirinha.
Em março deste ano, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, tinha declarado publicamente no Centro Cultural de Belém, que a abertura do novo Museu dos Coches estava prevista para a segunda metade de 2014.
Contactado pela Lusa, o gabinete de imprensa indicou: "Aponta-se o ano de 2015 como o ano de abertura do Novo Museu dos Coches", mas não confirmou o mês de maio para a inauguração.
Adjudicado durante o Governo de José Sócrates, e finalizado no ano passado, destinava-se à execução das contrapartidas do Casino Lisboa, num investimento de 35 milhões de euros.
"A opção de construir este museu foi um erro colossal de política cultural", considerou o presidente do ICOM Portugal, defendendo que poderia ter sido construído um espaço museológico com menor dimensão, e menos custos de manutenção.
"Desde o início que advertimos para os custos de construção descomunais, e a não prioridade da construção deste museu que agora irá constituir um grande encargo financeiro para o Estado", opinou.
O ICOM receia ainda que os custos de manutenção do museu - 3,5 milhões de euros por ano segundo as estimativas da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) - venham a retirar verbas para os museus e monumentos do país.
Luís Raposo disse ainda que a expectativa de visitantes que esteve na origem do projeto - de um milhão de visitantes - "é demasiado alta e irrealista", embora se encontre entre os museus mais visitados do país, com cerca de 200 mil entradas por ano.

"Compreendemos que o secretário de Estado da Cultura afirme que não é uma prioridade e que são despesas incomportáveis. Por outro lado, não concordamos que a área da cultura, por aquilo que foi anunciado, continue a ter um orçamento tão baixo", disse o responsável.
De acordo com o Orçamento do Estado para 2014 divulgado pelo Governo, na semana passada, a verba inscrita na área da cultura ascende a 198,8 milhões de euros e a Direção-Geral do Património deverá receber 38.545.876 euros.
"Por aquilo que veio a público até agora, a área dos museus e dos monumentos é aquela que terá maior quebra quer em termos absolutos quer relativos, e isso deixa-nos muito preocupados", disse Luís Raposo, alertando que se este setor "já vive numa situação dramática".
A Lusa pediu mais esclarecimentos à SEC sobre o Orçamento do Estado de 2014 para o setor, e recebeu esta resposta: "O secretário de Estado da Cultura, atendendo à complexidade do documento orçamental, considera que o momento oportuno para explicar o Orçamento e o plano para o ano de 2014 na área da Cultura, é a audição parlamentar na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública na Assembleia da República.
A audição no parlamento foi marcada para dia 07 de novembro.

* Portugal dos tesos cheios de ideias  e obras megalómanas. Três auto-estradas paralelas na zona de Aveiro com menos de 20 km de intervalo, TGV, Aeroporto de Lisboa  e agora o novo museu dos coches a título de compensação do cambalacho Casino Lisboa.
Os políticos favorecem os amigos construtores, "aluvam-se" e o povo paga, percebe-se porque o défice está sempre a crescer.


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