HOJE NO
"i"
Mercado da República.
Parque Escolar gastou 780 mil
euros em advogados
Em cinco dias, a empresa de segurança Securitas ganhou quase metade do que a Parque Escolar gastou desde o início do ano. Os contratos destas duas empresas estão em destaque no "Mercado da República" desta semana
A
Parque Escolar já gastou 5,2 milhões de euros este ano, 780 mil dos
quais só em patrocínio judiciário de quatro sociedades de advogados.
A pesquisa efectuada pelo i no portal Base dos Contratos Públicos (http://www.base.gov.pt/base2/),
permitiu concluir que, dos 91 contratos publicados, só treze resultaram
de concursos públicos e um foi através de um concurso limitado por
qualificação prévia. Os restantes foram por ajuste directo.
A
maior fatia dos gastos (1,5 milhões) foi para a aquisição de mobiliário
escolar para as escolas da delegação Norte. Os três concursos públicos
foram ganhos por duas empresas: Lemis - Sociedade Industrial de Móveis e
Estruturas e a Mobapec - Mobiliário Escolar. Esta última foi, aliás, a
empresa que celebrou o contrato mais elevado entre todos os
procedimentos: 910,3 mil euros. A primeira ficou com o terceiro mais
alto: 545,1 mil euros. Pelo meio, encontramos os 674,7 mil euros que
foram pagos à seguradora AXA por um seguro multirriscos para o
património da empresa.
A Parque Escolar efectuou ainda 51 ajustes
directos no montante global de 831,9 mil euros para proceder a
alterações em projectos de arquitectura, instalações técnicas e espaços
exteriores de várias escolas.
O patrocínio judiciário foi a
terceira rubrica que mais encargos representou no período em análise. Os
quatro ajustes directos de 195 mil euros cada um foram repartidos pelas
sociedades de advogados Rui Pena, Arnaut & Associados; Campos
Ferreira, Sá Carneiro & Associados; Morais Leitão, Galvão Telles,
Soares da Silva & Associados; e Nobre Guedes, Mota Soares &
Associados.
O i questionou a empresa sobre as razões destes
patrocínios judiciários e da escolha dos quatro escritórios referidos,
mas até à hora de fecho desta edição não obteve resposta.
A Parque
Escolar não facultou, aliás, nenhum dado actualizado sobre os custos
globais de manutenção (alugueres de edifícios e outros) solicitados pelo
i, nem os relatórios de gestão de 2011 e 2012, que há muito deveriam estar disponibilizados no seu site na internet.
A única resposta dada pela assessoria de imprensa às questões formuladas pelo i
foi referente ao seguro multirriscos de 674,7 mil euros: "o lançamento
do referido concurso público para prestação de serviços de seguro
multirriscos para o património da Parque Escolar decorre de uma
obrigação constante do Contrato Programa celebrado entre o Estado
Português e a Parque Escolar".
Na pesquisa efectuada ao portal
Base encontrámos outro concurso público lançado pela empresa com o mesmo
objectivo, mas por um valor substancialmente inferior (34,5 mil euros),
também ganho pela AXA. E um ajuste directo para um seguro de
responsabilidade civil para os colaboradores da empresa no montante de
4,1 mil euros. Este ganho pela sucursal em Portugal da Hiscox Europe
Underwriting Limited.
Mais de 320 mil euros em limpezas
Os serviços de limpeza foram a quinta rubrica que mais encargos
representou para a empresa entre todos os contratos publicados desde o
início do ano. Os três contratos que resultaram de ajustes directos
totalizaram 325,4 mil euros. O contrato mais elevado (277,2) foi ganho
pela NCC - Facility Services, e visou a limpeza das instalações da
Parque Escolar nos edifícios nas avenidas Infante Santo e 24 de Julho em
Lisboa. A empresa celebrou mais um contrato por 41,2 mil euros, no que
foi o ajuste directo mais elevado nesta área. Já a limpeza das
instalações da delegação Norte foram adjudicadas à Conforlimpa (Tejo)
por 6,9 mil euros.
A Parque Escolar gastou ainda 311,3 mil euros
na conservação e manutenção das Escolas de Hotelaria e Turismo de Lisboa
e Porto, num contrato ganho pela Manvia, após um concurso limitado
internacional por prévia qualificação.
Mais de 278 mil euros em vigilância
Outra
das rubricas que mais gastos implicou foi a da vigilância. A Parque
Escolar fez seis ajustes directos no valor global de 278,1 mil euros. A
empresa Strong ficou com quatro contratos, todos para vigilância e
segurança em três escolas secundárias (Jorge Peixinho, no Montijo; João
de Barros, no Seixal; e Monte da Caparica) e na escola artística António
Arroio. Já a empresa de segurança Gália ganhou dois contratos: um para
os serviços do Ministério da Educação e Ciência e outro para "vigilância
e ligação a central de recepção de alarmes para os serviços do
Ministério".
A Parque Escolar foi criada em 2007 com o objectivo
de planear, gerir, desenvolver e executar o programa de modernização da
rede pública das escolas secundárias. Mas dois anos depois passou a
gerir também os edifícios administrativos sob tutela do Ministério da
Educação, nomeadamente os edifícios das direcções regionais do Norte,
Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, entre outras
direcções gerais e organismos.
122,4 mil em quadros cerâmicos
A
empresa lançou dois concursos públicos para o fornecimento e montagem
de quadros cerâmicos para as escolas secundárias da delegação Sul, no
valor global de 122,4 mil euros. Um foi ganho pela Nautilus e o outro
pela Jeromovel.
A Parque Escolar pagou ainda 52,1 mil euros à
empresa GADSA para a "custódia do arquivo" e 6,4 mil euros à Cision para
"monitorização dos meios de comunicação social".
A empresa lançou
também cinco concursos públicos para a "exploração das instalações
eléctricas" das escolas da delegação Norte por 40,4 mil euros.
* Maria de Lurdes Rodrigues disse no parlamento que a Parque Escolar era uma festa, diremos mais, é um festim de abutres.
Os ministérios estão a abarrotar de acessores jurídicos, nós precebemos que os amigalhaços dos escritórios de advogados têm de ganhar dinheiro, muito, no caso do ministério da Educação à custa de professores despedidos.
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