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HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Gestores de fundos de pensões
recorrem a tribunais para tentar
recuperar dinheiro da CES
Associação Portuguesa de Fundos de Investimento e
de Pensões pede ao Tribunal que clarifique que a CES não se aplica às
pensões complementares privadas e ordene a devolução das quantias
retidas pelo Estado.
A Associação Portuguesa de Fundos de
Investimento, Pensões e Património (APFIPP) vai interpor um processo no
Tribunal Tributário com o objectivo de conseguir a devolução do dinheiro
retido pelo Estado através da aplicação da Contribuição Extraordinária
de Solidariedade (CES) aos complementos de pensões privadas.
A CES está prevista no Orçamento do Estado e consiste num corte no
valor das pensões que começa nos 3,5% (para pensões de 1.350 euros) e
que vai progressivamente subindo, podendo atingir 47% para pensões de 90
mil euros.
Além de atingir todos os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e
da Segurança Social, este corte também prejudica os complementos de
pensões privadas, que foram constituídas através do descontos de
empresas para os fundos. É este último ponto que é contestado pela
APFIPP.
"As Sociedades Gestoras aceitaram para guarda, dentro das mais
restritivas condições de segurança impostas pela legislação, dinheiro
para ser devolvido mais tarde aos pensionistas, mas por força da CES,
parte substancial deste dinheiro está a ser desviado para a CGA", afirma
a associação em comunicado.
"Apesar de ter sido constituída como uma medida de diminuição de
despesa, [a CES] acabou por ser na prática também um imposto sobre a
propriedade".
Se em vez de investirem nos fundos privados as pessoas tivessem
guardado as poupanças no "simples colchão" não seriam hoje penalizadas,
ironiza a APFIPP, salientando que numa altura delicada para os sistemas
públicos de pensões, esta medida "promove a desmobilização da popuança
existente nos fundos de pensões".
Contra todas as expectativas, o Tribunal Constitucional viabilizou a
CES no início de Abril, por considerar que a medida não viola a
Constituição.
Agora, a APFIPP solicita ao Tribunal "que confirme que a retenção da
CES às pensões complementares privadas não está coberta pela Lei,
solicitando igualmente, casos seja esse o entendimento do Tribunal, a
devolução das entregas entretanto feitas".
A decisão será relevante não apenas porque a CES continua a ser
aplicada, mas também porque a legalidade e a legitimidade de medidas
semelhantes continuará na ordem do dia. O Governo anunciou que
quer aplicar cortes retroactivos nas pensões em pagamento da CGA, já a
partir do próximo ano. Desta vez, de forma permanente.
* Vitor Gaspar foi o malabarista dos impostos encobertos!
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