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Ministério Público acusa 13 autarcas
de Aveiro por prevaricação
O Ministério Público deduziu acusação contra 13 autarcas da região de Aveiro, incluindo nove presidentes de câmara, pelos crimes de prevaricação, abuso de poderes e violação de normas de execução orçamental, que podem implicar a perda de mandato.
AMIGALHAÇOS |
O despacho de acusação, a que a Lusa
teve acesso esta quinta-feira, resulta de um inquérito relacionado com a
atribuição de um apoio publicitário ao Beira-Mar no valor de 38 mil
euros para as épocas 2011/2012 e 2012/2013, por parte da Comunidade
Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), liderada pelo presidente da
Câmara de Ílhavo, Ribau Esteves.
O advogado Dário Matos, que
defende a maioria dos arguidos, já revelou que vai requerer a abertura
de instrução, na tentativa de evitar a ida do caso a julgamento.
Além
do autarca de Ílhavo, a acusação abrange mais oito presidentes de
câmara: José Eduardo Matos (Estarreja), Rui Cruz (Vagos), João Agostinho
(Albergaria-a-Velha), Joaquim Baptista (Murtosa), Mário João Oliveira
(Oliveira do Bairro), Gil Nadais (Águeda), Manuel Soares (Sever do
Vouga) e Manuel Alves Oliveira (Ovar).
Entre os arguidos estão
ainda o ex-presidente da Câmara da Murtosa, Santos Sousa, que atualmente
ocupa o cargo de diretor de Segurança Social do Centro Distrital de
Aveiro, e os vereadores Pedro Ferreira, da Câmara de Aveiro, Silvério
Regalado, da Câmara de Vagos, e Jorge Eduardo Sampaio, da Câmara de
Anadia.
No despacho de acusação, o MP diz que a aquisição de
serviços por parte da CIRA foi a forma encontrada para contornar a
proibição legal de conceder apoios financeiros a clubes desportivos
participantes em competições desportivas de natureza profissional.
Segundo
o MP, os arguidos agiram de forma livre e com o propósito de beneficiar
ilegitimamente o clube, mediante a celebração destes contratos,
prejudicando o Estado e afetando a confiança dos cidadãos nas
instituições públicas.
Os autarcas já foram notificados da
acusação deduzida pelo MP, que decidiu também arquivar o processo
relativamente ao vice-presidente da Câmara de Aveiro, Carlos Santos.
Neste
caso, o MP entendeu que não era possível determinar se o arguido tinha
efetivamente conhecimento do teor do protocolo no momento da sua
deliberação.
Entre as testemunhas arroladas pelo MP estão o
presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia, e o presidente do Beira-Mar,
António Regala.
Este caso foi desencadeado com uma queixa
apresentada em outubro passado pelos deputados do PS na Assembleia
Municipal de Estarreja Pedro Vaz e Hugo Oliveira, que consideravam
ilegal a atribuição deste apoio ao clube aveirense.
O protocolo
assinado com o Beira-Mar previa a entrega à CIRA de 19 lugares em
camarote "prestige" no Estádio Municipal de Aveiro e lugares de
estacionamento em zona VIP, além de bilhetes de bancada para os jogos da
I Liga de futebol.
A CIRA teria ainda direito a utilizar os
suportes publicitários do clube para a divulgação da sua imagem e
produtos, mas esta entidade nunca fez uso do espaço que lhe estava
destinado no varandim do camarote e dos painéis multimédia ativos
durante os jogos.
Aquando da assinatura dos protocolos, a CIRA
justificou o investimento dizendo tratar-se de um "contributo financeiro
com grande importância institucional", com a pretensão de ver o
Beira-Mar cada vez mais como "o clube desportivo de referência da região
de Aveiro, no que respeita ao mais alto nível da competição nacional de
futebol de onze".
* E assim vai o "poder" local, leia-se caciquismo!
.
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