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Câmara de Oeiras garante dez milhões de euros para levar o SATU até ao Cacém
A Câmara de Oeiras aprovou na quinta-feira uma proposta que prevê o
financiamento, em 10,1 milhões de euros, do prolongamento da linha do
SATU (sigla para Sistema Automático de Transporte Urbano) até ao Cacém,
no concelho de Sintra. No entanto, apenas o fará na condição de 75% do
investimento total, no valor de 142 milhões de euros, ser financiado por
fundos comunitários.
O comboio monocarril não
tripulado de Oeiras foi inaugurado em Junho de 2004 e percorre apenas
1,2 quilómetros desde a estação ferroviária de Paço de Arcos até ao
centro comercial Oeiras Parque. A concretizar-se o investimento
municipal, este será repartido por três fases e permitirá aumentar a
linha em cerca de 10,5 quilómetros.
Segundo Lurdes Vaz,
administradora da SATU-Oeiras, empresa que gere o sistema, o projecto
terá também um investimento da Câmara de Sintra no valor de 4,2 milhões
de euros, bem como de privados, num montante que ronda os 21 milhões de
euros. A autarquia vai candidatar o projecto ao próximo Quadro de
Referência Estratégica Nacional (QREN), com o objectivo de obter 107
milhões de euros a fundo perdido.
“O projecto nunca deveria ter
ficado pela primeira fase”, diz Lurdes Vaz, que atribui a fraca adesão
dos passageiros — 750 por dia, segundo a administradora — à reduzida
dimensão da linha. Segundo um estudo recente, pelo qual a câmara pagou
65 mil euros através de um ajuste directo, quando a linha chegar ao
Cacém deverá transportar 30 mil pessoas por dia. O prolongamento,
previsto desde o início, ligará as linhas férreas de Sintra e Cascais,
passando pelos centros empresariais Lagoas Park e Taguspark.
“Os
grandes beneficiários são os residentes no Cacém e em São Marcos”,
garante, sublinhando que o projecto tem o apoio do secretário de Estado
dos Transportes, Sérgio Monteiro. “Estamos muito optimistas”, afirma. A
previsão da câmara é ter a ligação concluída em 2018. “Há-de tornar-se
auto-sustentável em 2020”, afirma a administradora.
Desde o início
que o projecto está envolto em polémica. A sociedade SATU-Oeiras,
detida a 51% pela autarquia e 49% pela empresa Teixeira Duarte, acumula
prejuízos que rondam os três milhões de euros por ano, devido à escassez
de passageiros. Em Fevereiro último, o PS de Oeiras propôs a realização
de um referendo local para decidir a continuidade do SATU, mas a ideia
foi chumbada pela Assembleia Municipal. Em Maio, o Tribunal de Contas
pediu esclarecimentos sobre este sistema ao executivo liderado por Paulo
Vistas, que substituiu Isaltino Morais quando este foi preso, a 24 de
Abril.
O compromisso aprovado ontem em reunião de câmara, com os
votos favoráveis da maioria Isaltino Oeiras Mais à Frente, mereceu a
abstenção do PSD e do PS e o voto contra da CDU.
O vereador
Ricardo Rodrigues, do PSD, diz que o partido apenas apoia o projecto se
for aprovada a candidatura ao QREN. “Se não houver verba temos de pensar
noutra solução”, afirma.
Já os socialistas têm uma posição
“absolutamente contrária” ao prolongamento do SATU, diz Marcos Sá,
deputado na Assembleia Municipal e candidato pelo PS à presidência da
câmara. O deputado considera que o monocarril, tal como está pensado,
“não resolve o problema de mobilidade” do concelho. Diz ainda que a
Teixeira Duarte “não cumpriu com a sua obrigação” de investir 37 milhões
de euros na extensão da linha até ao Lagoas Park. "É de uma grande
irresponsabilidade estar a condicionar o futuro de Oeiras num projecto
que está falhado", critica Marcos Sá.
Por sua vez, o deputado
municipal Daniel Branco, da CDU, não acredita que o SATU possa
transportar 30 mil pessoas por dia. “Nem vale a pena estarmos a sonhar”,
afirma, dizendo que este não é um transporte colectivo “a sério”.
* O monocarril não leva 100 pessoas por dia e querem passar a 30 mil. Claro 30 mil ou até mais para o bolso de alguns.
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