ANTEONTEM NO
" PÚBLICO"
DGS não aprova pedidos de tratamento experimental para cancro na Alemanha
Eficácia das vacinas publicitadas em reportagens na TVI está por provar. Ordem dos Médicos fala em publicidade “despudorada”.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) avisou nesta quinta-feira que não lhe
devem ser apresentados pedidos de aprovação de tratamentos para o
cancro no estrangeiro, nomeadamente com as chamadas "vacinas de células
dendríticas", que têm sido divulgados por uma estação de televisão nas
últimas semanas e já motivaram o repúdio da Ordem dos Médicos (OM).
“Este tratamento tem ainda
uma natureza completamente experimental, encontrando-se, actualmente, a
decorrer ensaios clínicos para definir a sua eficácia e os seus efeitos
secundários”, justificou a DGS, numa orientação assinada pelo
director-geral, Francisco George.
A controvérsia começou depois de
a estação de televisão TVI 24 ter apresentado, há cerca de três
semanas, um primeiro programa sobre este tipo de tratamento oncológico
que tem sido efectuado em algumas clínicas na Alemanha. Trata-se de
“despudorada publicidade” a um tratamento experimental para o cancro
realizado na Alemanha, mas ainda não reconhecido por sociedades
oncológicas ou pela Agência Europeia do Medicamento, considerou, há uma
semana, a presidente do Colégio de Oncologia da OM, Helena Gervásio, em
carta publicada no site da instituição. A médica lamentou então “a leviandade” do programa”, que “condicionou e iludiu alguns doentes oncológicos”.
“Os
pacientes manifestam o desejo de se submeterem a esta terapia que os
oncologistas portugueses não reconhecem e, por isso, não podem validar”,
sublinhou.
Mas a TVI 24 voltou à carga e realizou há dias outra
reportagem sobre o tema, explicando aos doentes os passos a dar para
poderem aceder a estes tratamentos na Alemanha.
Terá sido este
último programa que motivou a orientação hoje divulgada pela DGS. “A
informação que tem sido disponibilizada aos cidadãos por alguns órgãos
de comunicação social tem alimentado esperanças, não baseadas em provas
científicas, e atinge uma população particularmente vulnerável,
nomeadamente doentes do foro oncológico em situação de mau prognóstico”,
lamenta a DGS.
“Esta falta de informação rigorosa”, acrescenta,
gera um “ambiente propício a que centros procurem comercializar este
tipo de produtos terapêuticos, sem o escrutínio e o consenso da
comunidade científica internacional”.
“São os médicos que,
naturalmente, terão a responsabilidade de informar os seus doentes sobre
as opções terapêuticas disponíveis, explicando com clareza os contextos
em que haja lugar ao uso de tratamentos comprovados ou à proposta de
inclusão em ensaios clínicos”, conclui.
O tratamento com células
dentríticas feito em várias clínicas na Alemanha passa por isolar estas
células (que todos temos no nosso sistema imunitário) e, idealmente,
sujeitar uma amostra do respectivo tumor à sua exposição. As células
dentríticas são multiplicadas e reintroduzidas em forma de vacina no
paciente, depois de instruídas para combaterem as células cancerígenas.
* Apesar da notícia ser da passada quinta-feira revela-se de extrema importância. A saúde ou a falta dela é uma das maiores fragilidades do ser humano, fanaticamente exposto aos "milagres da ciência".
Pela sua saúde evite seguir o sensacionalismo jornalístico.
O Director Geral de Saúde é um homem muito sério e desmistificador.
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