HOJE NO
"PÚBLICO"
“Oferta imparável de novas drogas”
na Europa: 73 só num ano
Sabe-se que todos os anos estão a surgir novas substâncias no mercado
de drogas, mas nunca o número tinha sido tão alto: só no último ano o
sistema de alerta rápido da União Europeia detectou 73, revela o Relatório Europeu sobre Drogas de 2013,
que é apresentado nesta terça-feira em Lisboa. A comissária europeia
para os Assuntos Internos, Cecilia Malmström, fala de “uma oferta
imparável de novas drogas”.
O problema vem-se acentuando de ano para ano. A par das drogas mais tradicionais — heroína, cocaína e cannabis
—, há um mercado emergente de estimulantes que se mostra cada vez mais
complexo e que é potenciado pela Internet e pelas novas tecnologias.
Enquanto em 2009 tinham sido identificadas 24 novas substâncias, esse
número tem vindo num crescendo — 41 em 2010 e 49 em 2011 —, até
ultrapassar as 70 durante o ano passado. A encabeçar a lista estão 30
canabinóides sintéticos, que imitam os efeitos da cannabis.
As
informações sobre estas substâncias chegam dos próprios
Estados-membros. Em 2012, duas delas foram associadas a mais de 40
mortes na Europa: a primeira, a 4-MA (um estimulante), era vendida como
anfetamina no mercado das drogas ilícitas, enquanto a segunda, a 5-IT,
que está descrita como tendo efeitos ao mesmo tempo estimulantes e
alucinogénios, era vendida tanto no mercado dos “euforizantes legais”
como no mercado ilícito.
Uma nova era
Tudo
mudou no espaço de apenas dez anos. Antes disso, a maior parte das
drogas que surgiam no mercado europeu eram produzidas em laboratórios
clandestinos ou provinham de medicamentos desviados. Hoje, somam-se a
estas “um comércio próspero de ‘euforizantes legais’ na Internet e em
lojas especializadas em zonas urbanas”. Estas substâncias são muitas
vezes feitas na China e na Índia e importadas a granel para a Europa,
onde são processadas e embaladas como substitutas das anfetaminas, do ecstasy, da heroína e da cocaína.
Desde
18 Abril que passou a ser proibido em Portugal “produzir, importar,
exportar, publicitar, distribuir, vender, deter ou disponibilizar” as
novas substâncias psicoactivas que eram comercializadas nas smartshops”.
A nova lei prevê uma progressiva actualização das substâncias a proibir
em períodos não superiores a 18 meses e “sempre que se verifique que é
necessário”, de forma a parar o jogo do gato e do rato dos últimos anos,
com os fabricantes a alterarem moléculas dos produtos proibidos para
lhes mudarem o nome de forma a colocarem-nos num vazio legal. Antes da
entrada em vigor da lei estavam registadas 40 smartshops em Portugal
.
Heroína em queda
Já
a heroína tende a estar menos disponível — a quantidade apreendida (6,1
toneladas) no ano passado foi a mais baixa da última década — e a ser
menos consumida, uma tendência que se tem vindo a sentir nos últimos
anos mas que, reforça o relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência,
não deve fazer abrandar as preocupações com o tratamento, para que as
melhorias de saúde pública que foram conquistas dos últimos anos não
regridam. Como chamada de atenção alude-se aos casos da Grécia e
Roménia, que tiveram surtos recentes de VIH associados ao consumo de
heroína injectada, interrompendo “a tendência positiva”.
João
Goulão, o português que preside ao conselho de administração do
observatório europeu, nota: “Já estamos a receber relatórios de vários
países europeus sobre cortes efectuados em serviços relacionados com as
drogas. É necessário reforçar a mensagem de que o tratamento da
toxicodependência continua a ser a opção mais eficaz em termos de
custos, mesmo em tempos económicos difíceis.” O relatório insiste no
esforço de não deixar de acompanhar estes consumidores mais
problemáticos.
* A droga é um grande negócio, move biliões e se os donos do dinheiro consguem legalizá-las vão drogar toda a população do mundo, essa é a verdadeira intenção, tornar-nos apáticos.
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