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ONU
regula comércio internacional de armas
A Assembleia-Geral da ONU aprovou hoje, ao fim de anos de negociações, o primeiro tratado internacional que regula o comércio de armas convencionais, visando impedir que estas sejam obtidas por regimes que desrespeitam os Direitos Humanos.
O Tratado, cuja
adoção falhou em 2012, foi hoje aprovado com 154 votos a favor, 23
abstenções e 3 votos contra, do Irão, da Síria e da Coreia do Norte.
O próximo passo é a ratificação pelos Estados membros do Tratado, que entrará em vigor 90 dias depois de ratificado pelo 50.º.
Eduardo
Ulibarri, embaixador da Costa Rica, um dos países que propôs o texto
final, salientou perante o plenário da ONU os "sete anos de duros
trabalhos" que antecederam a votação de hoje de um Tratado "eficaz e
transparente".
"Reafirmemos, com provas factuais, que a ONU é
capaz de lidar com os mais sérios e complexos desafios que os nossos
povos enfrentam, que pode tornar as expectativas em realidades
tangíveis, e que é uma organização indispensável no século XXI", disse
Ulibarri.
O texto foi submetido a aprovação depois de ter falhado
uma tentativa de adoção por consenso, no último dia da Conferência
Internacional sobre o Tratado de Armas (28 de março), devido à oposição
dos três países que hoje votaram contra.
O Tratado aplica-se a
armamento ligeiro e também pesado, tal como tanques, sistemas de
artilharia, aviões ou helicópteros de ataque, cujo comércio os Estados
membros estarão obrigados a vigiar.
Fora do âmbito ficam armas
nucleares, químicas e biológicas, cobertas por outros tratados
internacionais. A aprovação foi também saudada de imediato por
organizações não-governamentais, agrupadas na Control Arms Coalition,
para as quais se trata do "começo de uma nova era", enviando um "sinal
claro a vendedores de armas e violadores de Direitos Humanos de que o
seu tempo acabou".
Em comunicado, as mais de 100 ONG, de 120
países, congratulam-se por, a partir da entrada em vigor do Tratado, os
Estados estarem obrigados a avaliar todas as transferências de armas
para assegurar que não são usadas em abusos humanitários, terrorismo,
crime organizado transfronteiriço e violações da legislação humanitária.
Caso
haja risco de as armas ou munições serem usadas nestes casos, os países
de onde são originárias ficam obrigados a impedir a sua transferência.
A
próxima prioridade, afirmam, é a ratificação pelos Estados membros,
para que o Tratado entre em vigor o mais rapidamente possível.
A
Amnistia Internacional apelou em particular ao presidente
norte-americano, Barack Obama - contestado pelo "lobby" pró-armas (NRA)
desde que inverteu em 2009 a tradicional oposição do maior exportador de
armas mundial a uma regulação do comércio - para ser "o primeiro na
fila a 3 de junho", quando tiver início o processo de ratificação.
Índia, China, Rússia e Egito foram alguns dos países a abster-se.
Sujat
Mehta, representante da Índia nas negociações defendeu que o Tratado
ficou "aquém das expectativas" de um texto "claro, equilibrado e
implementável".
Perante a Assembleia Geral, O representante
indiano criticou em particular a "fraqueza" do texto em relação ao
acesso a armamento para atos de "terrorismo por atores não-estatais".
* VALE MAIS TARDE DO QUE NUNCA
.
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