HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Observatório Astronómico
em risco por falta de verba
Em pleno Jardim Botânico, o único em Portugal classificado como
monumento nacional, o Observatório Astronómico da Escola Politécnica, em
Lisboa, está em risco de ruir por falta de dinheiro para a recuperação.
"É sempre difícil dizer, mas ele
aguenta muito pouco tempo", disse à agência o Lusa o diretor do Museu
Nacional de História Natural e da Ciência, José Pedro Sousa Dias.
O
projeto de restauro está feito, com recurso a verbas da Universidade de
Lisboa, da Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Secretaria de
Estado da Cultura, mas falta um milhão e meio de euros para avançar com a
obra. Mecenas procuram-se.
O edifício foi tapado para o proteger
da chuva e selado pela Proteção Civil, para impedir que alguém possa
aceder ao interior, tal o risco que já apresenta.
"Foi protegido
desta forma, que nos tapa toda a visão do edifício, justamente para o
proteger da chuva, mas o risco neste momento é muito grande", atestou o
responsável.
Desativado desde 2002, o Observatório era usado para
apoio ao ensino na Escola Politécnica. Com a recuperação poderá retomar
as atividades educativas para alunos dos ensinos básico e secundário.
Ao nível superior, a observação já não se faz "com o olho no telescópio", explicou.
Ficará
também aberto a visitas turísticas, proporcionando atividades de
observação dos astros. O equipamento que agora se encontra no museu será
colocado à disposição do público.
"À escala nacional é um
exemplar único", afirmou o diretor, acrescentando que, na Europa,
existirão apenas três observatórios do género, com uma função
simultaneamente científica e didática da Astronomia dos finais do século
XIX.
O edifício é, além do mais, "um testemunho histórico e
patrimonial", enquadrado numa zona nobre da cidade que recebe muitos
turistas.
Faz parte do Jardim Botânico, o único jardim português que é património nacional.
"Todo
o jardim é, neste momento, um ponto importante, até pela localização,
aqui no Príncipe Real, pela circulação turística na zona, é uma peça
muito importante para a dinamização do turismo de Lisboa", sublinhou.
O
Observatório foi pensado quando da criação da Escola Politécnica, em
1837, para as aulas práticas de Astronomia . A construção começou em
1875 e ficaria concluída em 1898.
À época, urgia dispor de mapas
que permitissem conhecer os limites exatos do território nacional e
colónias, organizar a administração, ordenar os círculos eleitorais e
fiscais e projetar o desenvolvimento do país, traçando as
infraestruturas viárias, telegráficas e ferroviárias que escasseavam em
Portugal.
Para tudo isto, era necessária a Astronomia, na
determinação da longitude e latitude dos pontos geodésicos principais.
"Era em função do cálculo dos azimutes que se orientava a rede de
triangulação", lê-se na documentação que enquadra o projeto.
O
Museu Nacional de História Natural e da Ciência tutela os dois últimos
observatórios astronómicos históricos existentes em Portugal, o do
Jardim Botânico (vocacionado para ensino) e o da Tapada da Ajuda, com
tipologia de investigação e categoria de Observatório Nacional.
Na
memória histórica do projeto, frisa-se que todo o complexo museológico
da Politécnica é herdeiro de "uma linhagem de mais de 400 anos de ensino
e estudo das ciências", tendo um "enorme contributo cultural" a dar à
cidade de Lisboa.
Sobre o jardim, diz-se que constitui "um verdadeiro oásis científico e cultural", no eixo Baixa-Chiado.
* Eles, os políticos, podem ser licenciados, mestrados doutorados os até doutores com créditos mal-parados, mas também são um bando de ignorantes quando desde 2002 assistem impávidos à ruína de um dos quatro observatórios europeus do sec XIX.
Uma indignidade que aos nossos burrocratas parlamentares passa ao lado.
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