‘Outplaced’
Avanços e recuos na privatização da RTP aparte, surge finalmente a proposta daquilo a que o Governo chama reestruturação do canal público de televisão.
Relvas diz que, nos momentos difíceis por que
passamos, o orçamento de Estado não aguenta que lhe seja retirada uma
parcela para suprir os desequilíbrios financeiros e operacionais da RTP.
Estabelecem-se valores teto e metas, aplaude-se a mobilidade interna e o
‘outplacement', aumenta-se a contribuição audiovisual que pagamos
mensalmente na factura da EDP - não se retira do orçamento para que já
contribuímos, retira-se mesmo directamente do nosso bolso, outra vez - e
o Governo, aplaudindo, chuta para a mandatada administração da empresa a
responsabilidade da execução do plano de reestruturação - vulgo
despedimentos em forma de rescisão amigável mas se não chegar avança-se
mesmo para o despedimento colectivo.
Esta reestruturação não tem senão como objectivo garantir a
competitividade que permitirá que a empresa seja uma boa aposta quando
voltar ao mercado. É simples o processo, e aliás coerente com a prática
do Governo nas mais variadas áreas: afunda-se a RTP e depois, alegando
insustentabilidade, afirma-se que não há solução senão a privatização.
Porque é esse o objectivo do Governo desde a sua formação, privatizar a
RTP e acabar com o serviço público.
Só que o serviço público de televisão, a cultura e a informação não são um buraco negro de escoamento dos recursos públicos. O serviço público é um pilar da democracia e é nos momentos de crise que o Estado mais deve apoia-lo e garantir a sua existência.
O serviço público existe para promover a divulgação e a democratização da cultura erudita, para elevar a qualidade na cultura mediática de massas e para ser o garante de uma informação pluralista. Ora a persecução destes objectivos só pode ser assegurada por uma empresa pública, uma televisão com meios e capacidade para garantir a sua própria e autónoma produção de qualidade.
Actriz
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
18/03/13
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