HOJE NO
"PÚBLICO"
Hotéis e restaurantes estão a fechar
por causa da lei das rendas
AHRESP diz que há arrendatários que receberam notificações de aumentos médios de 700% a 900%.
A área da hotelaria e da restauração tem registado encerramentos e
dispensado pessoas devido à “situação caótica” que atravessa e que se
deve, em parte, à nova lei do arrendamento urbano, admitiu nesta
quarta-feira à Lusa Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP.
“Na situação caótica em que
nos encontramos, com todos os custos de contexto que temos, como o IVA,
mais um aumento de renda leva ao encerramento dos estabelecimentos”,
afirmou.
Apesar de não dispor de números de encerramentos
resultantes do aumento dos valores da renda, a dirigente da Associação
da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) garante serem
“cada vez mais”.
AS PRÓXIMAS PORTAGENS |
“Este custo de contexto adicional está
obviamente a motivar [encerramentos]”, notou Ana Jacinto, informando que
através dos gabinetes jurídicos da associação se conhece “muita
dispensa de postos de trabalho”.
“Para tentarem compensar o
aumento da renda e para não fecharem de imediato as portas, vão fazendo a
gestão que conseguem fazer. Obviamente, até com prejuízo para o próprio
serviço, que irá ficar menos qualificado”, disse.
A responsável
voltou a criticar a “colagem” do regime habitacional ou não
habitacional, na lei do arrendamento urbano, que “trata da mesma forma
realidades distintas”.
“Sempre que o arrendatário fazia obras, o
senhorio aproveitava para fazer actualizações de rendas”, informou Ana
Jacinto, indicando que no sector não há casos de desajustamentos de
rendas ao mercado.
Porém, os senhorios estão a enviar cartas para actualização de valores, “porque não têm nada a perder”.
“Estamos
numa relação completamente desequilibrada”, criticou Ana Jacinto,
referindo-se aos arrendatários, que receberam notificações de aumentos
médios de “700%/900%”.
Para a AHRESP, “há dois proprietários no arrendamento não habitacional, um é o proprietário das paredes, do imóvel”.
“Depois
há um proprietário do espaço, do estabelecimento que foi criado, da
mais-valia, da clientela”, acrescentou Ana Jacinto, para concluir que no
mercado imobiliário em baixa ainda se tentam oportunidades.
“Como
o mercado [imobiliário] não está famoso, obviamente que estas situações
[despejos] não acontecem em qualquer local. O senhorio pode não ter
facilidade em arrendar o espaço, mas os sítios que são, de facto,
significativos, as zonas históricas e os estabelecimentos com nome estão
a tornar-se muito apelativos”, concluiu.
* O actual governo está a transformar Portugal numa selva.
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