Apertem os cintos.
O piloto sumiu
O PSD/M precisa de um estudo para escolher o caminho? Qual caminho? Comprem um "olho de boi"
É o caos no plateau. Uma fita das antigas. O realizador não consegue que
os actores cumpram o guião. Ele próprio baralha-se nas ordens. As falas
são atropeladas. Ninguém se entende. A linguagem é rasteirinha. A
parvoice pegada toma conta dos actores principais e dos figurantes e
instala-se a bagunça. O problema é que a produção custa ao erário
público 5 milhões de euros. E todos os anos abrem-se os cordões à bolsa
para mais um ano de gags. Para rir? Não. Para chorar de vergonha pela
falta de qualidade do filme.
Não, não é ficção. Foi a Assembleia Legislativa da Madeira durante três
dias. A moção de confiança apresentada pelo governo regional leva-nos a
uma pergunta: para quê? Qual é a consequência real desta iniciativa?
Paródia. Alberto João Jardim, que há muito tempo, mesmo muito, não tem
um rasgo de génio, escolhe a via mais fácil e medíocre: transformar
estes encontros em palhaçadas e tem um alinhado, o PTP de José Manuel
Coelho. O "idiota útil" que os social-democratas tanto gostam. Ou acham
que somos todos parvos? Aquela troca de galhardetes - Coelho oferece um
fato de prisioneiro, Jardim retribui com um retrato de burro - só
interessa ao partido da maioria. O deputado Coelho ainda não percebeu,
ou faz que não percebe, os efeitos do ruído dos actos que protagoniza.
Por outro lado, Jardim desrespeita o parlamento. Não só porque se está
nas tintas para o regimento, como a sua ausência nos debates das duas
moções de censura (da autoria do PTP e do PS) revelam que se está nas
tintas para todo o resto. Isso já sabíamos.
Uma coisa é certa: no parlamento da Madeira é impossível discutir com
elevação seja o que for. Uma coisa arrasta a outra e o resultado final é
a desgraça total. A Assembleia Legislativa desnivelou há muito tempo.
Bateu no fundo. Pior imagem é impossível. Mas o PSD Madeira é o único
responsável porque foi quem impôs este registo anarca ao ritmo da
malcriação, do insulto, e do pouco respeito pela convivência
democrática.
Um Presidente da Assembleia não pode acicatar os ânimos, não pode
despedir-se dos deputados dizendo-lhes: " amanhã há mais do mesmo". Pois
há. Miguel Mendonça perdeu a mão. Nem sequer os seus pares o respeitam.
Esta loucura coletiva alastrou-se ao ponto do deputado do PCP, Edgar
Silva, gritar para a Mesa, "cale-me aquele velho". Aquele "velho" era
Jardim. Tudo isto é deprimente. Angustiante. Não é democracia. É outra
coisa qualquer. Infelizmente catalogada, à moda da Madeira.
Esta Madeira que agoniza lentamente. Lembro-me sempre daquela mulher à
porta de uma farmácia, na altura em que os descontos na medicamentação
estavam suspensos, dizer a chorar: "o dr. Alberto prometeu que cuidava
de nós". Não preciso explicar o significado da palavra "cuidar".
Cuida-se dos nossos pais, dos nossos filhos, dos nossos amigos. Cuida-se
de nós. Alberto João Jardim, o "cuidador dos impossíveis", não mediu as
consequências. As reacções a este tipo de comportamento de caudilho é
fácil de analisar.
Quando o coletivo percebe que, afinal, foi
abandonado, que não lhe disseram toda a verdade, que o dinheiro esgotou,
decepciona-se para depois sentir-se traído, revoltar-se e bater com a
porta. Pior fica quando percebe que o comandante não sabe para onde leva
o navio porque teimosamente continua no mesmo sítio, ou seja, posiciona
o leme como se ainda estivesse a navegar em mar calmo quando, afinal, a
levadia entrou para ficar e já levou os mastros. Neste turbilhão, nem
sequer o partido que suporta a maioria escapa. Anda tudo à deriva. O
PSD/M precisa de um estudo para escolher o caminho? Sejamos mais
francos. Qual caminho? Sair do beco em que se meteu juntamente com a
governação atabolhoada? Comprem um "olho de boi". Mas o feixe de luz vai
bater numa muralha qualquer de betão.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
15/03/13
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