HOJE NO
"PÚBLICO"
Chumbo da concessão da ANA
atira défice para 6,4%
Instituto Nacional de Estatística revelou nesta quinta-feira que reportou a Bruxelas um défice orçamental de 6,4% em 2012.
O défice situou-se nos 6,4% em 2012, de acordo com dados divulgados
nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na
primeira notificação ao abrigo do Procedimento dos Défices Excessivos
enviada à Comissão Europeia. Um patamar que fica abaixo das estimativas
mais recentes do Governo, que apontavam para 6,6%.
Os 6,4% reportados pelo
INE, que são ainda provisórios, contam já com o chumbo de Bruxelas ao
recurso à venda da concessão da ANA, avaliada em 1200 milhões de euros,
para abater ao défice. Inclui ainda outro tipo de operações, como a
compra de acções ordinárias da Caixa Geral de Depósitos, na sequência do
aumento de capital do banco público em mais 750 milhões de euros, e
ainda a transformação em suprimentos da Parpública, com um impacto
também estimado em 750 milhões de euros. Além disso, reflecte a anulação
da parte da receita associada à transferência de fundos de pensões da
banca, tal como tinha acontecido em 2011.
O défice reportado nesta
quinta-feira para 2012 traduz um desequilíbrio orçamental que atinge os
10.596 milhões de euros, muito superior ao registado um ano antes
(7542,8 milhões). Face a 2010, verifica-se uma melhoria, já que nesse
ano o défice de 9,8% correspondeu a um saldo negativo de 16.981,5
milhões.
As últimas estimativas do Governo apontavam para um
défice orçamental que poderia chegar a 6,6%. Foi este o valor anunciado,
a 15 de Março, pelo ministro das Finanças. Vítor Gaspar disse, na
altura, que sem os ajustamentos do Eurostat, o défice teria alcançado
4,9%.
Para 2013, o valor projectado provisoriamente pelo INE é de
5,5%, em concordância com a nova meta negociada com as autoridades
externas, aquando da sétima avaliação ao programa de ajustamento.
Dívida pública ultrapassa barreira dos 200 mil milhões de euros
De
acordo com os dados do INE, a dívida pública terá atingido 123,6% do
produto interno bruto (PIB) em 2012, o que significa um desvio face às
projecções feitas pelo Governo este mês (123%) e que já correspondiam a
uma revisão inicial das metas.
A notificação à Comissão Europeia
dá conta de que a dívida das administrações públicas subiu de 185.240,7
para 204.485 milhões de euros, entre 2011 e 2012, o que significa uma
escalada de mais de 19 mil milhões de euros no espaço de um ano. Para
este ano, o INE prevê uma redução da dívida, que estima que deverá
atingir 201.111,5 milhões.
Mais duas empresas de transportes reclassificadas
O
INE refere que foram incluídas no perímetro de consolidação do défice
duas novas entidades: a Transtejo e a Soflusa. Estas duas
transportadoras do Estado juntam-se à já extensa lista de empresas
públicas reclassificadas, da qual já faziam parte outras operadoras de
transportes, como a Metro de Porto, a Refer e o Metro de Lisboa.
No
documento, refere-se que esta inclusão teve um impacto "pouco
significativo" no défice das administrações públicas, oscilando "entre
um mínimo de 10,9 milhões de euros em 2009 e um máximo de 22 milhões de
euros em 2012", ou seja, 0,01% do PIB.
A reclassificação destas
entidades é obrigatória, à luz das regras do Eurostat, quando as
receitas próprias que geram (excluindo subsídios do Estado) não chegam
para cobrir 50% dos custos.
* A propósito da ANA o governo acalentou uma ficção sabendo desde sempre que Bruxelas não aceitaria incluir nas contas a concessão.
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