ESTA SEMANA NO
"VIDA ECONÓMICA"
Administração Pública e banca são os principais responsáveis pela fraca prestação do mercado das TI
Mercado nacional das Tecnologias de Informação caiu 4% em 2012
O
mercado nacional das Tecnologias de Informação caiu 4% em 2012, segundo
as contas da IDC, uma das principais analistas e consultoras do setor
tecnológico. A “Vida Económica” esteve à conversa com Gabriel Coimbra, o
diretor-geral em Portugal, que nos explicou o que passou em 2012 e nos
deu algumas luzes do que o ano que agora entrou nos reserva. Uma coisa é
certa, as Tecnologias de Informação vão ter uns árduos 12 meses pela
frente, até porque a Administração Pública, responsável por grande parte
dos gastos nacionais de TI, está – não é novo – a reduzir despesa.
O
ano de 2012 não foi propriamente simpático para as Tecnologias de
Informação. Os números da IDC – que são provisórios, já que nem todas as
empesas publicaram os seus relatórios de contas – apontam para uma
retração de 4% na despesa total. Uma tendência que se tem vindo a
registar nos últimos anos, pois Portugal já vinha de quebras de 11%, 7% e
8% em 2011, 2010 e 2009 respetivamente. Feitas as contas, o mercado de
TI vai perder mais de um quarto do seu valor em cinco anos (2009 –
2013). Ou seja, mais de 1,2 mil milhões de euros. E, diz a IDC, esta
despesa só volta a crescer em 2014 e, mesmo assim, em uns tímidos 2,2%.
Mais contas: a crescer 2,2% ao ano vamos necessitar de 15 anos para
recuperar o que perdemos em cinco. Tão “simples” quanto isto.
A liderar esta prestação negativa esteve o hardware, com uma retração
de 5,2%, software -4,4 e serviços -2,1, acabando por ser este setor o
que menos performance negativa teve. “É o quarto ano que temos vindo a
decrescer. Para este ano, continuamos a prever que mercado caia mais
ligeiramente, cerca de 1,6%. Ou seja, se olharmos para os últimos cinco
anos, tivemos uma quebra superior a um quarto do valor de mercado, o que
é muito significativo”, disse à “Vida Económica” Gabriel Coimbra,
diretor-geral da IDC Portugal.
Crise, crise e crise
A prestação menos positiva do mercado português foi explicada por
Gabriel Coimbra obviamente com a crise financeira, económica e política
que continua a ter impacto na performance nacional. “Os anos 2007 e 2008
foram de crescimentos bastante significativos, acima do que acontecia
na Europa, já que nessa altura tivemos fortes investimentos por parte da
Administração Pública. Nomeadamente no Plano Tecnológica da Educação,
no e-escolas, no e-escolinhas… Ou seja, o investimento da AP, mais o
investimento no mercado do consumo, mais o crescimento do mercado
empresarial fez com que 2007 e 2008 apresentassem taxas de crescimento
muito significativas e até superiores às registadas no resto da Europa”.
Em 2009, já se verificou uma retração por parte do mercado empresarial e
de consumo, sendo que 2010 e 2011, com o agravar da crise económica, as
reduções assolaram todos os segmentos: consumo, investimento por parte
das empresas e investimento por parte do Estado.
Estado e banca responsáveis por metade dos gastos em TI
Gabriel Coimbra reitera que a crise económica é a principal razão para a
contração do mercado, sendo a redução do investimento da Administração
Pública nas Tecnologias de Informação um dos fatores mais relevantes e
impactantes. Até porque, diz Gabriel Coimbra, o Estado e o setor
financeiro representam quase 50% dos gastos em tecnologias de informação
em Portugal. “A crise financeira afetou sobretudo a banca, mas a crise
económica e a posterior intervenção do FMI acabou por ter um efeito
muito grande na AP. Ou seja, estes 50% do mercado reduziram de forma
bastante acentuada nos últimos anos. Depois, os restantes setores
acabaram por sentir estes efeitos. Houve apenas alguns nichos de mercado
que continuaram a crescer, mas, na sua globalidade, todos os setores
apresentaram quebras”.
Investimentos estagnam em 2013
Para 2013, Gabriel Coimbra profetiza que os dois setores, quer a AP
quer o setor financeiro, vão estabilizar. “Há três anos que estes
setores têm grandes quebras. Acreditamos que em 2013 vão estar
estagnados, sendo que deverão investir mais ou menos o mesmo do que em
2012. Já estivemos a olhar para o Orçamento de Estado e o valor do
investimento em Tecnologias de Informação é ligeiramente maior do que o
do ano passado. Provavelmente porque alguns dos projetos não foram
concretizados em 2012, transitando para o corrente ano”.
Já o consumo vai continuar a retrair e em termos de empresas haverá um
misto, segundo a IDC. Algumas empresas vão aumentar ligeiramente o seu
investimento em TI – pois haviam reduzido muito nos últimos anos – e
outras vão continuar a reduzir ou mesmo desaparecer, consoante o
contexto económico. “O número de falências tem um impacto muito grande,
pois são empresas que simplesmente deixam de investir em TI. De consumir
TI. Nas grandes organizações, prevemos um crescimento em algumas áreas,
muito influenciado pelo facto de também elas terem reduzido brutalmente
os seus investimentos neste setor nos últimos anos”. Tudo isto
basicamente para dizer que o mercado vai uma vez mais retrair. Este ano
em 1,6%.
* Explicação convincente
.
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