ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
Gourmet
As piores tendências dos restaurantes
Dois críticos gastronómicos premiados elegem as piores modas dos chefs
Pensa que aquelas micro-sobremesas servidas nos melhores restaurantes
são o máximo? E que tudo o que vem das trufas é um manjar dos deuses?
Pois então, saiba que está enganado. Pelo menos é o que dizem dois
dos mais reputados críticos gastronómicos norte-americanos: Josh Ozersky
e Jonathan Gold, vencedor do Pulitzer desta categoria em 2007.
*Tanto para um, como para outro, há um pecado comum: cozinhar os
alimentos em sous-vide, embalados em vácuo e cozidos a baixa temperatura
em caixas próprias. Segundo Gold, o efeito não compensa. O sabor fica
demasiado uniforme, e a comida mole e ensanguentada.
*Há poucas coisas mais irritantes para Jonathan Gold que
traduções instantâneas de menus, feitas com aplicações dos smartphones.
Por norma, a passagem para inglês é literal e não informa nada sobre o
prato em si.
*Os limos das rochas não são para comer. Pelo menos, é essa a
convicção de John Ozkerby, que detesta essa moda dos restaurantes
escandinavos. "Se os líquenes sabem a alguma coisa, essa coisa é má",
diz ele.
*Cobrar por copos de água da torneira como se fossem importados das ilhas Fiji, para Jonathan Gold, é uma afronta.
*Nada substitui um fumeiro tradicional e truques como fumo
artificial ou a Smoking Gun são autênticas heresias. A única forma de
conseguir o verdadeiro saber, para Josh Ozkerby, é com madeira a arder.
*Para fazer boa charcutaria, é preciso mais do que bons
enchidos. Por isso, a menos que seja profissional, os chefs devem
manter-se longe da tentação de fazer os seus salames, chouriços,
presuntos e fiambres, explica Josh Ozkerby.
*Para quê inventar? Quando alguém acorda não quer café a
saber a caramelo, tomate ou amora. Gold avisa: "Queremos café que saiba a
café. E já."
*Josh Ozkerby não entende: porque é que hão-de ser os
clientes a pagar o serviço dos empregados e não os donos dos
restaurantes? Para o crítico, nos Estados Unidos, a gorjeta devia ser
facultativa e não obrigatória.
*Ozkerby diz que há poucos contrasensos maiores do que servir
uma refeição estrondosa seguida de uma nano-sobremesa. Não é preciso
inventar muito, desde que cumpra os mínimos da decência.
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