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"SOL"
Uma casa 100% portuguesa
Incentivar os portugueses a acreditarem nos produtos e nas técnicas das empresas do país, utilizando exclusivamente materiais nacionais, foi o objectivo para construir, no Porto, a Casa dos Portugueses.
Uma casa
construída exclusivamente com produtos portugueses foi o grande desafio
lançado pela Modal, uma agência criativa, ao arquitecto do Porto, Carlos
Prata, e a mais 20 empresas nacionais que actuam na área da construção e
materiais. Foi assim que nasceu a Casa dos Portugueses, que pretendeu
acima de tudo incentivar à produção e aquisição do que é português.
Carlos Prata, recentemente galardoado com o Prémio João Almada 2012, pela
Câmara Municipal do Porto, projectou uma casa de 200 metros quadrados
que esteve presente na feira da Exponor – Projecto Casa 2012.
A
cortiça como material português de excelência, e cada vez com mais
importância no mercado da construção; as novas soluções para os telhados
e revestimentos, com cerâmicas portuguesas; ou novos materiais de alta
tecnologia fabricados em Portugal, foram alguns dos produtos presentes
nesta casa nacional. Para o arquitecto, o maior desafio foi o de tentar
conseguir mostrar uma ‘casa’ com uma imagem de conjunto qualificada,
integrando todos os produtos que os expositores pretendiam divulgar.
Muitas vezes a ideia de conjunto difere bastante das intenções
parcelares.
O arquitecto tem a opinião de que os portugueses são
capazes do melhor que em algum lado se faça. «Basta ver na
arquitectura, em que o Porto é, provavelmente, a cidade do mundo com a
maior densidade de prémios Pritzker por metro quadrado. E no sector da
construção produzimos materiais da melhor qualidade e construímos com
uma excelência que é reconhecida internacionalmente. Apenas temos de
elevar a nossa auto-estima e sermos capazes de colectivamente valorizar e
publicitar o que de bom se faz», salienta.
Promover Portugal
Para
Bruno Moreira, sócio-gerente da Modal, a Casa dos Portugueses surgiu
com o objectivo de promover o que de melhor se faz em Portugal, na
companhia de empresas portuguesas, ou então de empresas internacionais
que estão sediadas em Portugal e que contribuem, diariamente, para a
nossa economia.
O projecto foi pensado de origem, enquadrando os
materiais de raiz, para que todos tivessem o seu devido espaço. A
grande inovação da Casa dos Portugueses esteve na forma como foi
mostrada ao público, dando valor à lógica dos materiais utilizados,
inclusivamente na construção mais ‘bruta’ da casa.
O responsável
da Modal explica que o arquitecto concebeu todo o espaço, em corte,
como se estivesse perante uma casa cortada ao meio, na qual os
visitantes podiam ver de perto e tocar nos materiais de construção da
própria casa. «Acreditamos também que, além do conceito, todos quantos
visitaram a feira ficaram com a percepção de que em Portugal se produz
tudo quanto é necessário à construção. Quando decidimos construir uma
casa, podemos fazê-lo utilizando o que é nosso e contribuir para a
sobrevivência e o sucesso das empresas portuguesas», salienta Bruno
Moreira.
Descrença no mercado
Descrença no mercado
Bruno
Moreira revela que a luta pelos ‘sim’ das empresas não foi fácil. Houve
algumas que desde um primeiro contacto mostraram todo o interesse em
participar; outras não se mostraram disponíveis para estar no projecto.
«Acreditamos que a descrença na aposta no mercado português, assim como
as reticências quanto a uma participação financeira, não ajudaram em
muitos dos casos, mas sentimos que alguns possíveis participantes
preferiram esperar para ver», esclarece.
Na verdade, as empresas
portuguesas estão neste momento de alguma formar descrentes quanto ao
futuro do sector, mas é nestas alturas que é necessário mostrar que
Portugal tem capacidade e qualidade para ultrapassar as dificuldades.
Carlos Prata reconhece que nas crises colocam-se sempre desafios à
criatividade. E conhecem-se projectos inovadores nas áreas do
projecto/construção e do imobiliário que mereciam ser apoiados.
«Infelizmente o seu desenvolvimento é por vezes dificultado pela
incapacidade dos poderes públicos o reconhecerem. E também por não
existirem políticas de médio e longo prazo. Basta ver o que se passou
com o entendimento sobre a investigação em energias renováveis, que
rapidamente passou de estruturalmente relevante para ineficaz e sem
interesse», admite o arquitecto.
Contudo, o mais importante é
continuar a desafiar os obstáculos e superá-los. Para já, Bruno Moreira
acredita que este projecto é um incentivo ao produto português e à
capacidade das empresas nacionais de fazerem bem, de acordo com as
melhores técnicas e tecnologias. É por isso que a Modal pretende
consolidar este projecto. Foi apresentado na cidade do Porto, mas poderá
no futuro também mostrado em Lisboa e até ir ainda mais longe, noutros
países.
* Inteligência portuguesa.
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