HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/
DINHEIRO VIVO "
Hospitais estão a cobrar dívidas
que já prescreveram
Os hospitais de Lisboa estão a notificar doentes para pagarem dívidas vencidas, sem avisar que estas já não podem ser cobradas. Nas cartas a que o Dinheiro Vivo teve acesso - enviadas pelo Centro Hospitalar de Lisboa em novembro e dezembro - os hospitais exigem o pagamento de tratamentos realizados em 2005 e 2008, apesar de a lei prever um prazo máximo de três anos para serem cobradas taxas moderadoras.
O engano é frequente, garante ao Dinheiro Vivo
fonte hospitalar, e possível nos hospitais do Centro Hospitalar de
Lisboa: São José, Santa Maria, Capuchos, Santa Marta, Curry Cabral,
Maternidade Alfredo da Costa e Estefânia.
O problema desta
cobrança indevida, continua a mesma fonte, está na forma como os dados
são tratados, já que todas as notas de débito com datas vencidas incluem
também dívidas atuais.
Num dos exemplos a que o Dinheiro Vivo
teve acesso, o doente tem dez dívidas em 2012 e uma em 2005. Sem filtrar
as taxas expiradas, o hospital envia todas e dá dez dias para o
pagamento ser regularizado. Caso contrário, o caso é enviado para a
Direção-Geral de Impostos que poderá cobrar, como multa, entre cinco e
50 vezes o valor da fatura.
Na nota enviada aos utentes, só se
admite um tipo de reclamação: "Caso esteja isento da taxa moderadora,
[o utente] deverá fazer prova da sua isenção, através da apresentação de
documento comprovativo." Por lei estão isentos das taxas moderadoras
grávidas e crianças até 12 anos, militares e desempregados, entre
outros. Claro que nas notas que prescreveram as situações não se
aplicam. A maioria dos doentes acaba por pagar por multibanco todas as
dívidas - as expiradas e as que ainda correm. Nos poucos casos em que o
doente percebe que a taxa já não pode ser cobrada e reclama no hospital,
o registo é retirado.
Na quinta-feira e depois de ter analisado
as notas de débito, o Dinheiro Vivo pediu um comentário ao Ministério da
Saúde, que não respondeu até à hora de fecho desta edição.
Nos últimos meses também aumentou a pressão, dentro dos hospitais, para cobrar mais taxas.
A
mensagem, sabe o Dinheiro Vivo, é repetida em reuniões internas para
tentar contrariar os cortes orçamentais aplicados em 2012 e repetidos
este ano. Em 2013 haverá um corte de 2,8% no financiamento dos hospitais
EPE.
No total são menos 120 milhões de euros, mas o número final
ainda não é definitivo, já que os contratos-programa ainda estão a ser
negociados. Esta semana, e confrontado com a reforma do Estado para 2013
e 2014, o ministro da Saúde Paulo Macedo não quis adiantar a
percentagem de cortes financeiros que o sector da saúde irá sofrer.
A
partir de 21 de janeiro, as taxas moderadoras vão ter um aumento de
2,8%. As únicas que se mantêm são as aplicadas nos cuidados de saúde
primários, de acordo com a circular publicada pela Administração Central
do Sistema de Saúde (ACSS). O aumento é reduzido; uma consulta de
especialidade num hospital, que tinha como taxa moderadora o valor de
7,71 euros, em 2012, passará a custar aos utentes mais quatro cêntimos,
ou seja, 7,75 euros. Um atendimento numa urgência hospitalar vai
aumentar quatro cêntimos, para os 20,60 euros.
* Pouca vergonha de quem deve e de quem cobra.
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