HOJE NO
"O PRIMEIRO DE JANEIRO"
CCP
Saldos de inverno que arrancam
6.ª feira deverão ser os últimos
para muitos comerciantes
A época de saldos que arranca na sexta-feira dinamizará sobretudo os setores têxtil e calçado, mas não recuperará o negócio “nem sequer para o nível do ano passado” e ficará marcada pelas liquidações para encerramento, antecipa a CCP.
“Em muitos casos não será época de saldos, mas de liquidação de ‘stocks’.
A nossa expectativa é que, face às perspetivas de negócio, vai haver bastantes unidades, quer no comércio, quer nos serviços, que vão aproveitar o encerramento das contas do ano para encerrar a atividade”, afirmou o presidente da Confederação do Comércio de Portugal (CCP), João Vieira Lopes.
Prevendo que os casos de liquidação “surjam em maior quantidade do que em anos anteriores”, Vieira Lopes destaca o cada vez maior número de “estabelecimentos encerrados para arrendar” que já hoje se veem por todo o país.
“As pessoas fazem as contas, chegam à conclusão que o negócio já não é viável e, pura e simplesmente, em janeiro fecham os estabelecimentos”, antecipou.
Apesar do “fraco padrão geral, porque o rendimento das famílias baixou bastante”, a CCP espera “que se venda mais alguma coisa” durante os saldos de inverno, que decorrem até 28 de fevereiro, mas não tem dúvidas de que “não vai dar para recuperar o atraso do ano, nem sequer para o nível do ano passado”.
É que, se “a impressão da maior parte dos comerciantes é que algumas pessoas ficaram à espera de começar a época de saldos e compraram menos” durante o período natalício, o facto é que, “este ano, houve muita gente que começou a fazer promoções de 40, 50 e 60% já antes do Natal”.
Embora admita que os comerciantes tenham, agora “pouca margem de manobra” para baixar os preços, João Vieira Lopes considera “provável que os descontos nos saldos cheguem aos 70 ou 80%”.
Algo que, disse, implica que vendam “sem lucro, ao preço de custo”, e contrasta com que acontecia há alguns atrás, em que situações destas aconteciam “pontualmente”.
“Agora é uma prática que quase se generalizou, até porque as empresas, nomeadamente as de comércio, têm dificuldade em financiar-se nos bancos e precisam de desempatar capital para começarem a pensar em adquirir novos ‘stocks’”, explicou Vieira Lopes.
“Claramente” os mais penalizados nas vendas de Natal, os artigos de longa duração, como os eletrodomésticos e o mobiliário, não poderão dar-se ao luxo de grandes reduções de preço nos saldos, “porque são produtos que não trabalham com margens tão altas”.
“Os eletrodomésticos e o mobiliário estão a sofrer um duplo efeito: o efeito da crise e o da queda do mercado de habitação, mas aqui há limitações grandes nos saldos”, admitiu o presidente da CCP.
Já o setor alimentar “vive de produções permanentes”, enquanto “os objetos para o lar estão também prejudicados pela baixa da construção”, pelo que “o têxtil e o calçado são aqueles em que, normalmente, nesta época as pessoas compram mais”.
Em mais uma época de saldos marcada pela crise, a CCP lamenta “a deficiente gestão de expectativas, quer por parte do Governo, quer das instituições internacionais”: “Estão sempre a falar em sacrifícios, sacrifícios, sacrifícios e a sensação que temos é que as pessoas ainda estão a gastar menos do que poderiam, tendo em conta a incerteza em relação ao futuro”, afirmou Vieira Lopes.
* Desemprego, falências e fome, é esta a tróika que o governo oferece aos portugueses.
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