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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Gaspar preocupado com
carga fiscal “intolerável”
É urgente debater e acordar sobre cortes permanentes na despesa. Porque a carga fiscal que está a ser imposta pode revelar-se “intolerável e insustentável”.
Desemprego e desigualdade são as maiores preocupações, diz o ministro.
O ministro das Finanças reconheceu hoje o risco de a enorme carga
fiscal prevista para 2013 – para compensar, em parte, a subida das
despesas decorrente do chumbo do Tribunal Constitucional ao corte nos
salários do sector público – se tornar “intolerável” e "insustentável”.
“Temos de ter particularmente cautela para que a carga fiscal que
estamos a impor não se revele intolerável e insustentável para a
sociedade portuguesa”, afirmou Vítor Gaspar perante a comissão
parlamentar de Orçamento e Finanças.
O ministro respondia ao deputado centrista Adolfo Mesquita Nunes,
depois de este ter sublinhado a necessidade de o Governo se empenhar num
corte permanente de despesa pública que permita “criar condições para
que no futuro haja crescimento” e de ter apelado ao PS para que se
envolva nesse debate, assumindo que “nem toda a despesa pública é
virtuosa”.
Num aviso à navegação da coligação, Nuno Almeida, também do CDS,
disse ainda que “antes de questionar qualquer função do Estado”, o corte
de despesa acordado com a troika de quatro mil milhões de euros deve
centrar-se na máquina do Estado e no seu sector empresarial.
A disponibilidade dos partidos para discutir o que o ministro chamou de “redesenho das funções do Estado” quase só surgiu do lado do CDS, parceiro de
Governo, embora Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, também tenha
revelado abertura para alterar o Estado social “se for para o melhorar” –
frase aproveitada por Vítor Gaspar para sublinhar que é isso que está
em causa: o “redesenho das funções do Estado, garantindo o cumprimento
das suas funções de soberania, sociais e económicas”.
Já o partido socialista voltou a demarcar-se, argumentando que os
dados e projecções existentes sobre a despesa pública - designadamente
com pensões, saúde e educação - não sustentam a afirmação do ministro de
que não é possível financiar as actuais funções e prestações do
Estado.
“Temos mesmo um Estado social que não podemos pagar?”, questionou
Pedro Marques. Segundo o deputado socialista, Portugal gasta, em
percentagem do PIB, menos 3,4 pontos percentuais do que a média europeia
para financiar o Estado social. “O governo quer fazer um corte
ideológico”, acusou.
Na resposta, Vítor Gaspar disse que uma visão mais equilibrada exige
que se cruzem os dados do que se gasta em Estado social com os que
ilustram a capacidade de pagar dos portugueses, tendo ainda rejeitado
que se trate de uma imposição ideológica. “Uma posição dogmática seria
completamente inaceitável e incompatível com o funcionamento das
instituições democráticas e o debate no espaço público”, disse,
apelando à “necessidade de aprofundar o nosso debate nacional sobre
estas questões que são urgentes e centrais”.
Num debate de novo marcado por acusações duras dos deputados da
oposição ao facto de as previsões do Governo estarem sistematicamente a
ser contrariadas pela realidade, o ministro das Finanças voltou a frisar
que essa é uma circunstância inerente ao facto de o país estar
mergulhado numa profunda crise, lembrando que o desvio no défice
previsto para este ano é reduzido face aos observados na última década.
"Em situações de crise, de enorme incerteza, não há a possibilidade de garantir com precisão os resultados do ajustamento".
Também sobre o facto de ter anunciado um "ponto de viragem" que tarda
em materializar-se, Vítor Gaspar precisou que nunca usou essa expressão
relativamente à economia ou ao emprego, mas ao financiamento da
economia.
“Não me passa pela cabeça ter um discurso triunfalista. Nem sequer
panglossiano, de que vivemos no melhor dos mundos possíveis. É
incontornável que a situação do país é de crise, de emergência, é grave.
O ajustamento é muito exigente e os sacríficos são enormes”, afirmou,
sublinhando que neste momento a maior preocupação reside na "combinação
entre desemprego e desigualdade”.
* O sr. ministro parece estar a querer evadir-se do "slow motion" que o caracteriza, ainda que muito atrasado. A carga fiscal já é intolerável e insustentável, referem-no analistas isentos de todos os quadrantes da vida pública, o sr. ministro parece que tem uma prótese auricular sem pilha.
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