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"CORREIO DA MANHÃ"
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“Fazíamos vigias para fugir do padre”
Testemunha conta ao CM como os jovens se defendiam dos abusos do vice-reitor do seminário do Fundão
Sentado
junto à lareira da cozinha da casa, ‘João', nome fictício, vai contando a
vida no colégio e os dias com o padre Luís. O rapaz, de 15 anos,
acompanhado pelos pais, fala em exclusivo ao CM dos abusos que diz ter
presenciado. "O padre Luís deitava-se nas camas e masturbava--os. Depois
faziam mais coisas", revela a medo e sempre negando ter sido uma das
vítimas do membro do clero, agora em prisão domiciliária. "Fazíamos
vigias à noite para nos protegermos, para fugir do padre. Um ficava
acordado e estava atento", relata ainda o rapaz, contando que pelo menos
há um mês todos souberam que os abusos eram uma constante no Seminário
Menor do Fundão.
"Na minha camarata está um dos
rapazes que foi vítima. Lembro-me de uma noite, há cerca de um mês, em
que ele apareceu a chorar. Demorou mais de meia hora a dizer-nos o que
aconteceu, só depois revelou que tinha sido o padre Luís. Estava
assustado, não queria contar o que tinha acontecido", continua o menor,
garantindo que nesse mesmo dia propuseram a ‘Pedro' - nome também
fictício - que contasse à família o que tinha acontecido.
"Disse
que não. Pediu-nos por favor para guardarmos segredo e que tomássemos
outros cuidados. Foi o que fizemos", sublinha o amigo que recorda o
último mês como "assustador". "Foi a partir daí que toda a gente ganhou
coragem. Primeiro foi ele, depois outro e depois outro. Todos contaram
que afinal também tinha acontecido com eles. O padre deitava-se de noite
nas camas, quando todos dormiam. Era assim que actuava", revela ainda a
testemunha - já ouvida para memória futura no tribunal local.
As
histórias dos outros miúdos - que o CM também ouviu - pouco ou nada
divergem. O medo e a vergonha de assumirem que foram vítimas está sempre
presente. Os rapazes não conseguem explicar porque nunca denunciaram o
padre e aceitaram viver tanto tempo num clima de terror. Agora dizem
respirar de alívio.
* Abominamos a pedofilia mas o texto desta notícia faz chorar as pedras da calçada, um exemplo de quando um jornal passa a pasquim.
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