Maddie e submarinos
Nós adoramos mistérios. E adoramos inventar histórias com uma conclusão,
mesmo que não seja lógica, que agrade às nossas emoções. Umas vezes
para alimentar esperança, outras vezes para a destruir, a maioria das
vezes porque acreditamos que um destino fatalista, feito de mediocridade
e cores negras, está sempre à nossa espera. Vem isto a propósito de
dois casos mais uma vez lançados no mercado do diz que disse.
A polícia inglesa descobriu um cidadão inglês que
sabe qual foi o destino de Maddie, a menina desaparecida no Algarve. Era
médico e suspeita-se que negociava crianças. E neste caso ele terá
sabido que a miúda foi vendida a um gang cigano que operava em Marrocos.
Admito que gang por gang seria mais fácil meter ciganos na história sem ter de irmos para Marrocos, mas a versão é esta e contra ela nada a opor. A verdade é que o suspeito morreu há dois anos e, portanto, a versão agora posta a correr vale tanto como zero.
Daí que não me admire que o caso Maddie passe à história como passou o caso do Estripador de Londres, célebre serial killer do séc. XIX, para o qual se inventaram muitas identidades, desde o maior dos labregos ao mais aristocrata dos assassinos. Neste caso mais recente, se calhar nem é preciso procurar tão longe.
É o meu caso. Também adoro mistérios e volto a repetir a questão que já aqui uma vez coloquei. Só um raptor muito estúpido entrava por uma porta e saía por uma janela com o estore parcialmente aberto. Só um mágico passaria com uma criança ao colo, ou às costas, por aquela nesga. A polícia que faça a reconstituição e verá essa impossibilidade.
O mistério está ali e mesmo à mão de semear, sem precisar de encontrar meninas iguais a Maddie em todos os pontos do mundo. Mas assim é melhor. Alimenta a confusão e o mistério adensa-se. E nós adoramos charadas.
Admito que gang por gang seria mais fácil meter ciganos na história sem ter de irmos para Marrocos, mas a versão é esta e contra ela nada a opor. A verdade é que o suspeito morreu há dois anos e, portanto, a versão agora posta a correr vale tanto como zero.
Daí que não me admire que o caso Maddie passe à história como passou o caso do Estripador de Londres, célebre serial killer do séc. XIX, para o qual se inventaram muitas identidades, desde o maior dos labregos ao mais aristocrata dos assassinos. Neste caso mais recente, se calhar nem é preciso procurar tão longe.
É o meu caso. Também adoro mistérios e volto a repetir a questão que já aqui uma vez coloquei. Só um raptor muito estúpido entrava por uma porta e saía por uma janela com o estore parcialmente aberto. Só um mágico passaria com uma criança ao colo, ou às costas, por aquela nesga. A polícia que faça a reconstituição e verá essa impossibilidade.
O mistério está ali e mesmo à mão de semear, sem precisar de encontrar meninas iguais a Maddie em todos os pontos do mundo. Mas assim é melhor. Alimenta a confusão e o mistério adensa-se. E nós adoramos charadas.
Já com o caso dos
submarinos a coisa é diferente. Tantos anos depois levar o primeiro
processo a tribunal é uma prova de resistência. Na Alemanha, os autores
já foram julgados, cumprem prisão e, embora seja mistério, sou capaz de
acreditar que estarão em liberdade quando aqui a novela chegar ao fim.
Porque é assim? Não sei. Ninguém sabe explicar. É mais um mistério e
nós, na verdade, gostamos muito de fazer figura de parvos.
Professor universitário
IN "CORREIO DA MANHÃ"
25/11/12
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