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Mafiosos italianos receberam durante
anos ajudas europeias à agricultura
Entre os beneficiários está Gaetano Riina, actualmente detido, irmão do antigo “chefe dos chefes” mafiosos, Salvatore Riina, que também está na prisão.
GAETANO |
Destacados mafiosos receberam, durante anos, centenas de milhares de
euros de ajudas europeias à agricultura, aproveitando uma falha
jurídica, revelam decisões do tribunal de contas italiano.
Condenados e suspeitos investigados pela polícia
receberam ajudas provenientes da Política Agrícola Comum (PAC) que, no
caso de alguns, chegaram a 153 mil euros.
As sentenças do tribunal
em que é exigida a devolução de apoios mostram que, ao longo de 20
anos, mafiosos – alguns dos quais estavam na prisão – receberam ajudas
que, somadas, ultrapassaram os dois milhões de euros. A parte de leão,
cerca de 1,8 milhões, foi recebida na Sicília.
A legislação
italiana proíbe a atribuição de apoios a pessoas condenadas, mas se o
montante for inferior a 153 mil euros não é necessário apresentar
registo criminal que prove que o beneficiário não é acusado de crimes
mafiosos.
SALVATORE |
Entre os mais destacados mafiosos que receberam ajudas
europeias está Gaetano Riina, irmão do antigo “chefe dos chefes”
mafiosos, Salvatore Riina, actualmente na prisão. Gaetano foi preso no
ano passado e acusado de tentar reconstituir o império do irmão. Em 1997
recebeu mais de 42 mil euros.
Outro mafioso que recebeu fundos
foi Antonio Piromalli, membro da Ndrangheta, a máfia calabresa, que
obteve 25.720 euros para a plantação de olivais em 2005, 2008 e 2009.
"Até
há dois meses não tínhamos sequer uma lista dos mafiosos para comparar
com os destinatários dos fundos”, disse à AFP Giancarlo Nanni, director
da Agea, agência italiana que gere os apoios europeus à agricultura. "Os
mafiosos são muito inteligentes, sabem exactamente como contornar os
controlos jurídicos", disse.
Contactado pela AFP, o representante
da Comissão Europeia em Roma disse que cabe "aos países membros impedir e
gerir as ilegalidades e recuperar as ajudas pagas indevidamente".
Fabio
Granata, deputado oriundo da Sicília, advogado penalista e membro da
comissão parlamentar antimáfia, declarou-se chocado. "Não acredito nos
meus olhos! É um problema de vontade política, é indesculpável", disse.
* As instâncias europeias são menos fiáveis e sérias do que querem parecer.
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