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FMI:
Retoma arrisca ser demasiado lenta para baixar desemprego e travar emigração
Portugal não pode abrandar nas reformas estruturais da economia e terá de manter este esforço além do horizonte do programa da troika.
O FMI diz que há o risco de o crescimento recuperar de forma demasiado
lenta para conseguir baixar o elevado desemprego. A consequência será a
emigração de uma geração jovem e qualificada. Um fenómeno que, avisa,
poderá ser difícil de reverter.
Estes alertas foram hoje deixados pelo Fundo Monetário Internacional
(FMI) nas conclusões da missão a Portugal, feita ao abrigo do Artigo IV –
um processo de consultas periódicas aos Estados-membros do fundo.
A
instituição liderada por Christine Lagarde começa por destacar que “os
esforços de reformas estruturais têm de ser sustentados além do
horizonte do programa [de ajustamento]”. O FMI avisa que a eficácia do
programa na remoção dos obstáculos ao crescimento tem de ser
monitorizada de perto e que a agenda de reformas estruturais poderá ter
de ser modificada, em resposta ao desempenho dos indicadores económicos.
Contudo, há vários riscos no horizonte.
“Um risco de médio prazo
é que o crescimento recuperar demasiado lentamente para ter um impacto
significativo no elevado desemprego, desencadeando a emigração de
trabalhadores jovens e qualificados, que poderá ser difícil reverter”,
avisa o FMI.
Este alerta tinha também já sido deixado recentemente pelo Banco de Portugal no seu último boletim sobre a economia portuguesa.
O
FMI deixa ainda outro aviso: no longo prazo, Portugal tem de fazer mais
progressos para tentar contornar obstáculos mais enraizados ao
crescimento, nomeadamente os baixos níveis educacionais da população
relativamente aos seus principais parceiros comerciais e concorrentes.
“Perante
este cenário, e sobretudo se a economia recuperar no prazo previsto,
Portugal precisa, desta vez, de resistir à complacência prematura para
com as reformas que colocou a economia em apuros”, conclui o fundo.
Perspectivas de curto prazo são “incertas”
À
semelhança do que acontece nos relatórios sobre a avaliação do programa
de ajustamento, o FMI volta a fazer uma análise positiva sobre os
esforços do Governo, dizendo que as autoridades nacionais fizeram “um
esforço de política impressionante para reverter os desequilíbrios
acumulados e travar a crise”.
Reiterando os progressos feitos por
Portugal na redução do défice orçamental e, nomeadamente, do défice
externo, a instituição liderada por Christine Lagarde admite, contudo,
que as perspectivas de curto prazo são “incertas” e que há “desafios
consideráveis” à economia no médio prazo.
O FMI reconhece que a
consolidação orçamental irá gerar “ventos contrários ao crescimento”,
mas diz que o ajustamento tem de continuar, bem como as reformas para
aumentar a competitividade no sector dos bens transaccionáveis e reduzir
as rendas excessivas no sector dos não transaccionáveis. Aqui, admite o
fundo, poderão ser precisas “reformas estruturais politicamente
difíceis”.
“Ultrapassar estes desafios irá continuar a testar
aquele que, até agora, tem sido um consenso social e político
marcadamente robusto”, afirma.
O FMI considera também que o
sucesso do programa depende da capacidade das autoridades europeias
prosseguiram com a reforma da união económica e monetária e pede
nomeadamente ao Banco Central Europeu (BCE) que clarifique a sua posição
em relação a Portugal.
“Para ultrapassar a segmentação do
mercado de crédito e restaurar a transmissão adequada da política
monetária, seria importante que fossem clarificados os critérios de
elegibilidade” do programa de compra de dívida pública do BCE, diz o
FMI.
O presidente da autoridade monetária europeia, Mario Draghi,
sugeriu recentemente que este programa não se aplicaria a Portugal,
visto que o país perdeu o acesso aos mercados. Ou seja, só quando o país
voltasse a vender dívida de médio e longo prazo, em Setembro de 2013,
poderia vir a participar do novo plano do BCE.
* E continuamos muito atentos às "Lapalissadas" de madame Lagarde, a senhora que nos cobra juros de morte.
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