Rir é que não,
sr. ministro!
Hoje a situação atingiu os limites do insuportável. As suas brincadeiras não têm piada, sr. ministro, Honório Novo não quer que lhe dê os parabéns pelo seu aniversário, como os portugueses também detestam as suas gargalhadas e o seu duvidoso sentido de humor.
O episódio que aconteceu hoje na comissão parlamentar de economia e
finanças é apenas a gota de água da falta de respeito de Vítor Gaspar.
Quem assistia aos trabalhos da comissão parlamentar - as televisões
transmitiram a audição do ministro das Finanças - ficou a saber que o
deputado comunista fazia anos porque Gaspar lhe quis dar, publicamente,
os parabéns, Honório Novo não gostou, porque, provavelmente, naquele
momento, estava mais preocupado com outros assuntos, e lá saiu mais um
momento de boa disposição ministerial, com direito a chalaça e tudo.
Não
teve piada. Os portugueses, a quem pede um esforço horrível - começa a
ser difícil definir o seu plano de austeridade -, não admitem estas
piadolas, a si, a Passos Coelho, ou a qualquer outro membro deste
Governo. Mesmo que bem-intencionadas, autênticas e destituídas de
qualquer maldade, as suas gargalhadas, aliás, os seus sorrisos
incomodam, irritam e ofendem. E percebe porquê, não percebe, sr.
ministro?!
Ontem, o Governo anunciou que vai cortar o valor
mínimo do subsídio de desemprego para 377 euros, que vai cortar o
rendimento social de inserção e o complemento solidário para idosos.
Ontem, o Governo anunciou que vai cortar nos rendimentos dos que vivem
na miséria. Quando se pensava que nada mais do que este Governo fizesse
causaria surpresa, eis que não é assim, infelizmente ainda é capaz de
fazer pior - já não é possível definir esta política de empobrecimento.
O
que sabemos é aquilo que nos acabou de dizer: para manter este Estado
Social, ou seja, para continuar a pagar pensões aos mais velhos, ou para
pagar subsídios aos que não conseguem emprego, temos que pagar ainda
mais impostos.
E lá está, a mesma estratégia terrorista: 'Ah,
vamos cortar 42 euros ao patamar mínimo do subsídio de desemprego'; 'Ah,
afinal, não sabemos bem, ainda estamos a negociar com os parceiros
sociais e isto é só uma proposta e ainda não sabemos bem o que vai ser'.
Como é que um Governo que pede tamanha enormidade a toda a gente é
capaz de fazer isto?! Este anúncio de cortes, que antes de ser escrito
já estava a ser desmentido, serve para quê?!, serve para baixar ainda
mais as expectativas e para desmoralizar ainda mais para o que aí vem?!
Não
tem piada. E por isto tudo, não se trata de um pedido, mas de uma
exigência, porque assim tem sido, sr. ministro: Não volte a dar
gargalhadas em público, faça-o na intimidade do lar, apareça em público
inexpressivo, é preferível, mas não se volte a rir. Contenção, sr.
ministro, também do seu estado de espírito.
IN "DINHEIRO VIVO"
24/10/12
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